Quase três anos após o início da pandemia, a China segue uma rígida política de contenção do coronavírus. O país argumenta que tais medidas salvam vidas. No âmbito da economia são percebidos danos crescentes, enquanto o país mantém fronteiras fechadas para a maioria das viagens internacionais.
Não há perspectivas para quando ou como os chineses mudarão a abordagem. Na última terça-feira (01), surgiram rumores nas redes sociais de que Pequim estaria se preparando para relaxar as restrições contra a Covid-19. Hoje, a Comissão Nacional de Saúde do país invalidou as especulações.
Aqui estão as principais informações sobre a política chinesa de Covid-zero.
O que é a “Covid-zero”?
A China afirma que reconhece que os surtos domésticos são inevitáveis, e que suas políticas não são voltadas para ter zero casos da doença o tempo todo, mas sim para agir “dinamicamente” quando os casos surgirem.
A política tem duas vertentes: prevenção e contenção. Neste ano, houve a intensificação de ambas em função da variante ômicron, altamente transmissível, que se espalhou em território chinês.
A prevenção se concentra na detecção precoce por meio de testes regulares de PCR, especialmente nas cidades, onde um resultado negativo recente pode ser pré-requisito para entrar em estabelecimentos comerciais ou públicos.
Aqueles considerados contatos próximos de pessoas infectadas também devem ficar em quarentena. Mesmo contatos distantes ou potenciais podem resultar em uma ordem para isolamento.
Já as táticas de controle objetivam a cortar rapidamente as cadeias de transmissão da Covid, a fim de evitar novos surtos. As medidas também envolvem a quarentena em instalações supervisionadas pelo governo e o bloqueio de prédios, comunidades ou até cidades.
Casos potenciais ou suspeitos também podem levar à quarentena.
Além disso, a chegada de estrangeiros no país está sujeita a sete dias de quarentena em uma instalação governamental e três dias de isolamento domiciliar. Desde março de 2020, as fronteiras da China permanecem fechadas para grande parte dos visitantes.
Visitas de chineses a outras cidades ou províncias também tendem a exigir quarentena na chegada.
Impacto no dia a dia
O resultado do teste de PCR de cada pessoa é registrado eletronicamente nos bancos de dados do governo, bem como o histórico de viagens, que é rastreado por sinais de celular.
As pessoas devem manter um perfil Covid “normal”, com resultados de testes negativos, sem contato com pessoas infectadas e sem visitas a locais de risco. Os perfis são mantidos em “kits de saúde” nos smartphones.
Um perfil “anormal” impede o acesso a locais públicos e transporte de massa e pode levar à quarentena domiciliar com lacres eletrônicos presos às portas para reforçar o isolamento.
Os perfis podem se tornar anormais se alguém estiver em um shopping visitado por uma pessoa infectada, por exemplo.
O que aciona um lockdown?
Os lockdowns não exigem avisos com muita antecedência e podem isolar de prédios a cidades inteiras, apenas algumas horas após serem notificados.
Entre as grandes cidades que sofreram com lockdowns estão Xangai, Xian, Chengdu, Tianjin, Shenzhen. Algumas províncias e regiões como Xinjiang, Tibete e Jilin também já foram isoladas.
Argumentos para a “Covid-zero”
O principal argumento chinês tem como foco a saúde. O país afirma que sua política salva vidas.
As autoridades reconhecem que a ômicron tem muito menos probabilidade de causar sérios problemas de saúde, mas dizem que sua alta transmissibilidade significa que grandes surtos levariam a uma escassez de recursos médicos e exporiam grupos vulneráveis, incluindo centenas de milhões de idosos.
O número oficial de mortos na China ficou perto de 4.600 desde 2020, até que mais de 560 mortes atingiram Xangai em abril e maio, estimulando outras cidades a aumentar ainda mais suas defesas contra o Covid.
As autoridades de saúde chinesas previram no mês passado que para cada 100 mil infecções haveria pelo menos 100 mortes.
E as vacinas?
O país ainda não aprovou vacinas estrangeiras ou injeções nacionais com base na tecnologia de mRNA.
As autoridades também ficaram para trás no ritmo de vacinação este ano, em comparação com a grande campanha de imunização realizada em 2021.
Nesta terça-feira (01), 3,44 bilhões de doses foram aplicadas, alcançando mais de 90% da população do país totalmente vacinada. Contudo, apenas cerca de 60% dos chineses receberam doses de reforço. Aproximadamente 80% das pessoas com 60 anos ou mais receberam doses adicionais.
(Com Reuters)