24 projeções para 2024

DISCLAIMER: o texto a seguir trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

2023 em poucas linhas

2023 foi um ano muito dificil nos mercados financeiros. Não à toa, a indústria de fundos (especialmente de multimercados e ações) sofreu imensos pedidos de resgate na esteira de resultados sofríveis. A maioria das previsões econômicas de analistas e economistas se frustraram.

No Brasil, tivemos um começo de governo que trouxe promessas muito negativas – bombásticas mesmo do ponto de vista econômico – e que não se cumpriram, sejam por:

1. Terem ficado no discurso apenas;

2. O Ministro Haddad ter tido uma condução da pasta melhor do que previsto e por vezes, lutando contra seu próprio partido;

3. O Congresso Nacional ter atuado contra retrocessos institucionais – reforma do saneamento, independência do Banco Central, entre outros.

Além disso, elementos que vinham de governos anteriores ajudaram o crescimento econômico e controle da inflação, quais sejam:

4. O primeiro ano do governo Lula experimentou maior crescimento econômico, fruto de inúmeras medidas e reformas tomadas nos governos anteriores que levam tempo para maturar;

5. O Brasil poder contar com um controle da inflação gerado um BC independente, que o próprio Lula se esforçou verbalmente para derrubá-lo ou ao menos mudar suas ações por diversas vezes e de forma contundente.

Por tudo isso, o ano termina muito melhor do que esperávamos.

Mas governo também teve seus acertos, como:

1. Arcabouço fiscal – a rapidez e habilidade política para implantar o novo
arcabouço fiscal sugerido no meio de abundantes discursos (apenas e
exclusivamente na direção) de mais gastos;

2. Reformas tributárias – transformar mais de 30 anos de discussões políticas para uma discussão efetiva e votação de reformas tributárias. Ainda há muitas dúvidas e nem tudo está resolvido, mas parto da premissa que a simplificação tributária será positiva ao país no final do dia.

Falar do passado é fácil. Quero nesse artigo fazer uma brincadeira de futurólogo – deixarei 24 projeções para o ano de 2024. Pessoalmente, acredito que futurologia e prognosticações são das coisas mais díficeis de serem feitas e não creio na capacidade de nenhum ser humano de fazê-las com consistência ao longo do tempo. Por isso, seguem meus “palpites” para 2024. Se Deus quiser e nos permitir, ano que vem, nessa época do ano, veremos o que acertei e o que errei.

24 projeções para 2024:

Macroeconomia e política

1. O Brasil crescerá mais que o previsto hoje (Boletim Focus de 15 de dezembro indica PIB para 2024 de +1,51%) – imagino que o PIB Brasil 2024 cresça 2,0% (ou mais) em função das reformas dos últimos 5 anos ainda não estão capturadas nos modelos de economistas. Esse (Brasil crescer mais que esperado) é um movimento que tem acontecido desde 2020, e creio que 2024 será o mesmo;

2. EUA farão pouso suave em sua economia, contra toda a história – não teremos recessão na economia americana ou não teremos um aumento de desemprego de mais de 2,0%. Penso que tal feito seja mais dificil que pousar um Boeing intacto no rio Hudson, como aconteceu em 15 de janeiro de 2009. Enfim, não sou piloto, mas pelo que li à época, foi um feito dificílimo e acho que a analogia aqui se aplica. Mas o Fed, após errar que a inflação era estrutural e vinha para ficar, acertará em domá-la sem aumentar significativamente o desemprego;

3. China continuará decepcionando em crescimento (PIB será menor que 5% – alvo atual chinês). Bolsa chinesa continuará sendo ativo muito ruim. Os problemas no setor imobiliário continuarão pesando e não terão resolução fácil ou rápida;

4. Fiscal Brasil – resultado primário do Brasil fechará em déficit maior que 1% (enquanto o Boletim Focus de 15 de dezembro apontava -0,8% do PIB) – ou seja, nosso governo gastará mais que o imaginado e bem mais que a ficta meta “zero” auto-imposta. Mas esse efeito por si só, não impactará no ano de 2024 em praticamente nada;

5. Reforma do IR (renda) – dividendos serão taxados e Brasil será como a maioria dos países. De forma bastante negativa, a alíquota de IRPJ caíra menos que nova alíquota de IRPF a ser criada sobre os dividendos, aumentando a carga tributária sobre lucros corporativos – ou seja, reforma sem aumento de carga tributária é só conversa;

6. JCPs serão mantidos, com regras novas e limites de quando e como poderão ser usados;

7. Trump será eleito nos EUA;

8. Boulos se tornará prefeito de São Paulo;

9. Guerra Ucrânia x Rússia não terminará em 2024. A grande dúvida é até quando o Ocidente continuará a suportar a Ucrânia;

10. Guerra de Israel x Hamas não terminará em 2024; Israel perderá favor público global por mortes de civis palestinos;

11. Taiwan não será invadida (ainda) em 2024 pela China.

Juros e índices

12. Bolsa americana (S&P 500) terá correção forte – cairá mais de 20% do pico recente (4768,37 em 19 de dezembro), ou seja, romperá para baixo a marca de 3814,69 em algum momento de 2024. Mas terminará 2024 positiva (em USD);

13. SELIC terminará 2024 em 8,0% (+/- 0,5%); DI acumulado de 2024 terminará o ano em +10,0% (+/- 0,5%); Taxas longas de Renda Fixa (RF) – duration acima de 5 anos – ganharão bastante com fechamento da curva (minha principal aposta para o ano);

14. Fed Funds Rate (FFR, a Selic americana) começará a cair só no segundo semestre de 2024, e frustrará investidores que esperam queda a partir do final do primeiro trimestre;

15. Real baixará de R$ 4,50/US$ ao longo de 2024. Deve fechar 2024 entre R$ 4,50- 4,70;

16. Ouro fechará valor abaixo de 2023 com calmaria e resolução da inflação nos EUA, e subsequente diminuição do risco macroeconomico;

17. Petróleo flutuará 2024 entre 70-90 USD/boe. O ponto aqui é que não teremos nenhuma baixa muito relevante, nem saltos (típicos de choques macro, como embargos ou guerras).

Ativos de risco

18. Ibovespa passará 155 mil pontos – com a normalização das condições macroeconômicas, ativos de risco voltarão “à moda” para o investidor;

19. IPOs voltarão no segundo semestre de 2024 – teremos alguns IPOs no ano que vem;

20. Visão para setores na bolsa brasileira: varejo/consumo discricionário/empresas de maior beta continuarão a sofrer no Brasil; por outro lado, elétricas/telecom/seguradoras – empresas “chatas e previsíveis” – brilharão na bolsa;

21. Bitcoin terá um ano maravilhoso – fechará +50% acima de 2023;

22. IFIX (mercado fundos imobiliários – FIIs) passará de 3600 pontos;

23. Setores em FIIs – tijolos irão melhores que recebíveis.

A vida como ela é

24. Oscar 2024: num ano que Barbenheimer brilhou nas bilheterias, o Oscar não ficará com nenhum dos dois, ainda que eu tenha gostado muito de Oppenheimer e fortemente recomendo para quem tem interesse em história e/ou ciência. O novo filme de Martin Scorsese, Assassinos da Lua das Flores, levará o Oscar de melhor filme em 2024. Qual seu palpite aqui?

 

Nas projeções acima, por vezes, coloco mais de uma afirmativa no mesmo item (veja itens 09, 10, 13, 15…). Do ponto de vista de avaliação dessas projeções, considero apenas a primeira afirmativa como a projeção.

Segue abaixo a auto-avaliação em relação ao número de acertos de minhaspróprias projeções (em número de acertos):

entre 12 a 16 acertos, estarei satisfeito;

entre 17 a 20 acertos, estarei extremamente satisfeito;

21 (ou mais) acertos, terá sido pura sorte;

entre 7 e 11 acertos, não me surpreenderei – considero, como coloquei anteriormente, projetar o futuro uma das coisas mais complicadas do mundo;

entre 5 e 6 acertos, ficarei decepcionado;

se der 4 (ou menos) acertos, considero que seja puro azar (contraponto ao pura sorte).

Enfim, desejo-lhes boas festas nesse fechamento de 2023 e um ótimo 2024 com saúde, paz, presença dos amigos e famílias e, por fim, bons investimentos!

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