4 critérios para encontrar ações em que vale a pena investir

Isabela Jordão

 

Exige certa dose de sorte a montagem de um portfólio de ações. Há muitos fatores de risco envolvidos em cada negócio. Todavia, existem pistas no caminho que, ao serem seguidas, podem reduzir a probabilidade do pior e elevar a dos ganhos almejados. 

Da administração ao posicionamento de mercado, é possível prever até certo nível o potencial de ganho de uma companhia. Ângelo Belitardo, gestor da Hike Capital, e Beto Saadia, diretor de investimentos da Nomos, enumeraram uma série de requisitos buscados em um ativo candidato a investimento, que podem ser divididos em quatro blocos. 

Setor de atuação

Companhias de setores resilientes, cujas receitas refletem consumo constante e obrigatório por parte da população, trazem segurança a uma carteira de ações. Grande parte dessas empresas é capaz de repassar a inflação ao consumidor final, protegendo as margens de lucro. 

Dentre os setores mais resilientes da B3, a Hike Capital vê bancos, seguros, geração e transmissão de energia, saneamento, farmácias, transporte ferroviário e rodoviário para pessoas e cargas, aluguel de veículos e equipamentos, papel e celulose, mineração, siderurgia, grãos e sementes como os mais promissores.

“É imprescindível que o investidor acompanhe e escolha setores que sejam, em grande parte, protegidos contra possíveis mudanças em políticas regulatórias e aumento agressivo de impostos que afetem os níveis de lucro da empresa na qual investir”, completa.

Posicionamento de mercado

Além da estabilidade setorial per se, negócios com barreiras para a entrada de novos concorrentes são bons candidatos a investimentos. Beto dá o exemplo do iPhone, da Apple – um produto difícil de imitar –, mas a lógica também se aplica a produtos de tecnologia mais simples, como a caneta Bic.

A incomparabilidade se relaciona com as líderes de mercado, ou seja, companhias que “se destacam na diferenciação e na qualidade com a qual entregam seus produtos ou serviços aos clientes”, diz Ângelo Belitardo. 

O volume de recursos necessário para abrir um negócio como a Sabesp, maior empresa de saneamento do país, reflete em uma forte barreira de entrada contra novos concorrentes, protegendo as margens de lucro da companhia. Isso porque a dominância sobre um setor confere às marcas o chamado “pricing power”. 

Você tem o poder de determinar o preço de venda do seu produto e, por conta disso, consegue vender o produto mais caro e com maior margem”, explicou Beto.

Valuation 

“O próximo item é o preço barato”, resumiu Beto. O preço em bolsa tem que estar barato para justificar o investimento em um ativo. 

A questão é que caro e barato são relativos. Mas ajuda olhar o grau de endividamento da companhia – alavancagem, medida pela relação dívida líquida/Ebitda.

Empresas com alavancagem inferior a 2,5 vezes inferior ao lucro – medido aqui pelo Ebitda – reduzem a vulnerabilidade do lucro frente à taxa de juros e inflação e preservam a distribuição constante de dividendos, apontou Ângelo. Adicionalmente, empresas menos alavancadas apresentam menos risco, portanto têm acesso a crédito mais barato. 

Não obstante, o investidor deverá averiguar se não existem dívidas de caráter trabalhista, tributárias e judiciais que possam afetar a lucratividade da companhia alvo de investimento”, completa o gestor da Hike Capital.

Também deve-se verificar o rendimento do fluxo de caixa livre, o qual mensura o valor disponível no caixa da companhia após descontadas todas as obrigações financeiras assumidas. A métrica é uma das principais para avaliar a consistência dos dividendos. 

“Quanto maior for o rendimento do fluxo de caixa livre para os próximos anos quando comparado ao CDI atual, melhor será o comportamento das ações da companhia assim como maior serão os seus dividendos.”

Por fim, os retornos registrados pela empresa devem ser crescentes e consistentes. Crescentes para indicar a expansão do negócio e consistentes para mostrar que o crescimento é por qualidades próprias do negócio, e não pelo ciclo de mercado ou macroeconômico, segundo Beto Saadia. 

Gestão

Olhar por dentro da empresa observada é igualmente importante. Os diretores de uma companhia são quem decidem o futuro dela. “Grande parte do valor que vai ser gerado na ação não é o último balanço que a empresa divulgou; é o que os executivos vão fazer com o dinheiro que está no caixa ou com o dinheiro que vai entrar nos próximos meses”, descreve Beto. 

Ademais, o valor da remuneração paga aos profissionais que lideram a empresa deve estar alinhada à cultura da empresa, da geração de caixa e ao risco inerente ao negócio, destacou Ângelo.

Ambos os analistas destacam, no entanto, que a rentabilidade da carteira não é garantida, mesmo que haja – e deve haver – esforço para mitigação dos riscos. Por isso mesmo, nenhuma carteira de ações deve ser estática. De tempos em tempos, diz Ângelo Belitardo, “deve-se avaliar o desempenho das ações e verificar as mudanças de fundamentos, sempre atento a novas oportunidades do mercado”.

 

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