Qatar assina acordo de fornecimento de gás natural para Alemanha

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O Qatar assinou um acordo para fornecer gás natural à Alemanha, realizando seu primeiro acordo de longo prazo com um país europeu, enquanto Berlim corre para cobrir futuras necessidades geradas pelo fim de seu relacionamento energético com a Rússia.

O país do Oriente Médio, um dos maiores exportadores mundiais de combustível, enviará à Alemanha dois milhões de toneladas de gás natural liquefeito (GNL) por ano por ao menos 15 anos a partir de 2026.  

O abastecimento será realizado através da norte-americana ConocoPhillips, e poderá cobrir cerca de 3% do consumo anual de gás da Alemanha em 2021. A empresa dos EUA fornecerá gás dos projetos Qatar’s North Field East e South para o terminal Brunsbüttel GNL, atualmente em construção na Alemanha.

Embora o tratado ajude Berlim a diversificar suas fontes, ele fará pouco efeito no objetivo de substituir as perdas de suprimento russo no curto prazo. Antes da guerra na Ucrânia, Moscou fornecia mais da metade das importações de gás de Berlim. Neste verão, no entanto, a Rússia cortou os fluxos no que a Alemanha chamou de ataque econômico em retaliação por seu apoio a Kiev.

Para compensar as perdas, o governo alemão tomou algumas medidas, entre elas: importar GNL dos Estados Unidos e de outros fornecedores por meio de países vizinhos, iniciar a construção de terminais próprios de importação e reduzir o consumo. 

A maior economia da Europa, que não possui uma única instalação de importação de GNL, está construindo várias ao longo de sua costa Norte. As instalações serão capazes de cobrir cerca de um terço de sua demanda atual da commodity.

Junto a outros países europeus e ajudados pelo clima mais quente, os alemães conseguiram reservar gás o suficiente para encher as instalações de armazenamento. Enquanto isso, autoridades evitam ao máximo ter que racionar GNL, visto que isso poderia incentivar os primeiros passos de uma recessão que já engatinha no continente.

Segundo o Qatar, o acordo ajudará o país a “contribuir com os esforços para apoiar a segurança energética na Alemanha e na Europa”, disse Saad al-Kaabi, ministro da Energia do Qatar e CEO da QatarEnergy.

O canteiro de obras de um terminal de GNL em Wilhelmshaven, na Alemanha, em novembro. (Fonte: Dow Jones Newswire)

O país sede da Copa de 2022 também assinou, na semana passada, com a China um acordo para fornecer gás à Sinopec por 27 anos, o mais longo acordo de GNL até o momento.

Logo após o início da guerra russo-ucraniana, a Alemanha iniciou negociações com o Qatar. Entretanto, as conversas foram repletas de discordâncias sobre as condições do acordo, que incluíam divergências quanto à duração dos contratos e os preços.

“As empresas devem saber que as importações para a Alemanha diminuirão em algum momento se quisermos atingir nossas metas climáticas”, disse o ministro da Economia da Alemanha, Robert Habeck, na terça-feira. A Alemanha quer ser neutra em termos climáticos até 2045, disse Habeck.

Depois que a guerra na Ucrânia estourou, o Qatar emergiu como uma das melhores esperanças da Europa para se livrar do gás natural russo. Além dos alemães, França, Bélgica e Itália estão em negociações com o reino do Golfo Pérsico para comprar GNL a longo prazo.

O Qatar vende GNL para a China, Coreia do Sul, Japão e outros consumidores asiáticos em contratos de longo prazo, levando o país de menos de três milhões de habitantes a se tornar um dos maiores exportadores de gás.

Além disso, o Qatar está no meio de um plano multibilionário para aumentar sua capacidade de produção de gás em 40% até 2026.

 

 

(com Dow Jones Newswire)

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