A recompra de ações é a atitude de uma empresa de capital aberto a qual decide comprar seus próprios ativos de volta. A proposta é uma iniciativa bem comum no mercado de capitais e consiste em um processo permitido pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Geralmente a operação acontece quando a empresa considera que o valor dos seus ativos estão abaixo do valor justo.
No processo, a organização normalmente recompra as próprias ações e as mantém em tesouraria, e, quando acredita estarem valorizadas novamente, as coloca de volta para venda.
Para o head de análise fundamentalista da Benndorf Research, Niels Tahara, além da percepção de valor sobre as ações “a recompra pode ser realizada como uma forma alternativa de gerar valor para os acionistas, caso a empresa realize a recompra e cancele as ações em tesouraria”.
Assim, as ações remanescentes terão direito a uma maior parte do lucro da companhia. Outro motivo também comum é realizar a recompra para remuneração de executivos por meio de um plano de opções.
Principais vantagens
A recompra de ações é uma estratégia um tanto quanto lucrativa, desde que os acionistas coloquem em prática um planejamento bem alicerçado.
Quando a empresa toma essa atitude, a possibilidade de obter lucros é maior para o investidor, porque mesmo o acionista minoritário passa a ser dono de uma porcentagem maior da empresa, aumentando assim seu patrimônio.
Dessa forma, aumentam as participações nos proventos, os lucros por ação são maiores, a divisão dos dividendos é considerada melhor, fora o retorno positivo a longo prazo. Além do mais, quando o foco dos acionistas está voltado para os dividendos, a iniciativa se transforma em um dos principais benefícios para recompra de ações.
Crescimento nos últimos anos e retorno
Os programas de recompra movimentam o mercado e apresentam constantes altas nos últimos anos. Em levantamento, a CVM mostrou que, em 2021, foram registrados 107 programas de recompra, equivalente a 44% de aumento durante o ano.
Já em 2022, especificamente até agosto, foram registrados 77 programas de recompra de ações. Os destaques foram as empresas do setor de máquinas, equipamentos, veículos e peças, serviços financeiros e varejo.
Embora todo tipo de investimento esteja atrelado a um risco existente, a iniciativa representa retornos financeiros exponenciais, como, por exemplo, a valorização das ações a longo prazo.
Por que realizar a recompra de ações?
A recompra parte da estratégia das empresas, e a decisão sobre aquilo que será feito na sequência é particular de cada organização. Ou seja, enquanto algumas mantêm seus papéis na tesouraria, outras optam simplesmente por cancelá-los.
O especialista da Benndorf reitera: “para entender se a recompra é positiva ou negativa, é importante analisar o balanço da companhia e verificar se o motivo da recompra é para geração de valor para os acionistas ou não”.
A sinalização dos executivos também deve ser considerada um importante fator de análise.
Por dentro do procedimento
A atividade em todas as circunstâncias deve ser informada com antecedência ao mercado de capitais.
Depois de anunciada, para ter continuidade nas próximas etapas, o primeiro passo é a aprovação pelo conselho administração da empresa, que deve votar a decisão, tendo em vista o envolvimento dos acionistas.
Após, há a definição da quantidade de ações e datas de compras, sempre com a possibilidade de extensão nos prazos determinados. Por fim, chega o momento da finalidade, ou seja, o propósito do programa.
Os objetivos têm como procedimento principal cumprir e esclarecer o anúncio divulgado pelo conselho de administração da companhia que optou por razões específicas recomprar seus próprios ativos.