Dezenas de milhares de viajantes voltaram a entrar e sair da China no domingo (08), quando o país removeu praticamente todas as restrições de fronteira, pondo fim às restrições anti-Covid, que isolaram por três anos a nação mais populosa do resto do mundo.
Turistas chineses que estão indo para o exterior se dizem esperançosos e acreditam que a abertura possa aliviar a economia. O fluxo de viajantes provavelmente permanecerá limitado por um tempo, à medida que as companhias aéreas se reajustam e alguns governos mantêm medidas para evitar a “importação de infecções”” do maior surto de Covid-19 da China até agora.
O Ministério do Comércio da China afirmou na sexta-feira que teve forte apoio de executivos estrangeiros que estão ansiosos para visitar o país, verificar suas operações e considerar novos investimentos.
A executiva de negócios de Hong Kong Sherry Shi e seu filho estavam entre os milhares de chineses no exterior que embarcaram em um avião com destino ao continente no domingo.
“Estou tão animada”, disse Shi, natural de Pequim, que comentou já estar agendando encontros com amigos e familiares, algumas durante refeições de pato assado, que seu filho sentiu muita falta nos últimos três anos. Por causa das regras de quarentena da era Covid, eles perderam o funeral de seu pai e não viam muitos parentes e amigos há anos.
Os viajantes de domingo não foram o primeiro grupo de passageiros a não terem obrigatoriedade de fazer quarentena ao chegar à China. Desde que Pequim anunciou planos para mudar as regras, viajantes internacionais que desembarcaram em várias cidades chinesas protestaram contra o isolamento de hotéis, em muitos casos conseguindo persuadir as autoridades a deixá-los sair cinco dias antes.
As viagens dentro e fora da China despencaram durante a pandemia. Ao todo, 22 milhões de pessoas atravessaram a fronteira entre julho e setembro de 2022, de acordo com as autoridades de imigração chinesas. Em 2019, o total foi de 670 milhões de pessoas, de acordo com dados da imigração chinesa.
Carol Ong, filipina de 46 anos, mora na China há 17 anos e têm o costume de viajar. Ela já teve que lidar com quarentenas diversas vezes durante a pandemia e se adaptou à vida sob o rígido regime chinês. Em dezembro, Carol voou para o Canadá por causa de uma emergência familiar.
Apesar de saber que as regras haviam começado a mudar, a filipina conta que ainda assim ficou surpresa por não ver nenhum funcionário usando os clássicos trajes brancos no aeroporto. Parecia estranho, ela disse: “Foi tão suave e simples.”
Provavelmente levará algum tempo para que a quantidade de viagens entre a China e o resto do mundo voltem aos níveis pré-pandêmicos. Muitas companhias aéreas ajustaram suas rotas durante os três anos em que o país limitou severamente as viagens ao país, e agora precisarão redirecionar suas frotas.
Em Shenzhen, apenas três voos internacionais estavam programados para pousar no domingo e dois para decolar. Em Pequim, as esteiras transportadoras de bagagem em um dos maiores terminais de aeroporto do mundo estavam praticamente vazias.
Além das quarentenas obrigatórias, a China abandonou outras restrições, incluindo uma que exigia que aviões internacionais voando para Pequim pousassem primeiro em uma das mais de uma dúzia de outras cidades chinesas. A medida estava em vigor desde o início da pandemia para proteger a capital chinesa de infecções. Os marinheiros internacionais não precisam mais obter aprovação antes que seus navios possam atracar nos portos chineses para troca de tripulação.
A reabertura das fronteiras da China no domingo incluiu vários pontos de entrada entre a cidade de Shenzhen, no sul da China, e a vizinha região administrativa especial de Hong Kong, embora uma linha de trem de alta velocidade que liga os dois locais permaneça fechada. As autoridades do continente e de Hong Kong limitaram os viajantes diários a 60 mil pessoas em uma tentativa de gerenciar o tráfego.
Até a tarde de sexta-feira, 340 mil pessoas de Hong Kong já haviam agendado visitas a Shenzhen, de acordo com Tony Wong, diretor interino de informações de Hong Kong.
(The Wall Street Journal)