CMN: Sem metas de inflação em pauta, primeira reunião do ano deve mostrar “interesses conflitantes” entre membros

Edifício-Sede do Banco Central em Brasília

Acontece nesta quinta-feira (16) a primeira reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN) de 2023 e sob o novo governo. 

A sessão acontece ainda sob a sombra das críticas feitas pelo presidente Lula ao Banco Central e a seu presidente, Roberto Campos Neto. 

O que deve acontecer nesta reunião?

Fernando Haddad afirmou à imprensa na terça-feira (14) que mudanças na meta de inflação não estarão em pauta. O ministro também usou tom conciliatório para falar de Campos Neto, procurando baixar a temperatura entre Governo Federal e BC. 

As pautas discutidas não são decididas pelos membros do Conselho, é importante pontuar. Quem debate e escolhe os assuntos tratados é a Comissão Técnica da Moeda e do Crédito (Comoc), composta por técnicos do Banco Central e representantes do Governo Federal.

O estrategista da Nomos Investimentos, Rodrigo Correa, não acredita existir razão para desacreditar de Haddad. No entanto, caso o assunto entre em pauta em reuniões futuras, ele afirma: “o governo sempre terá os votos para alterar do jeito que quiser. Serão sempre 2 votos do governo e 1 do BC”.

De acordo com Gustavo Herkenhoff Moreira, coordenador dos MBAs de Finanças do Ibmec, a reunião pode expor “interesses conflitantes” entre os representantes do Governo Federal e o presidente do BC.

“O presidente do Banco Central tem que buscar a estabilidade monetária […] buscar o que foi definido pelo Conselho Monetário Nacional como meta”, comentou Gustavo. “Esse é o objetivo dele, perseguir, atingir essa meta da inflação.”

Já em relação a Haddad e Tebet, ele enxerga uma agenda mais alinhada aos interesses políticos definidos pelo Governo Federal. Segundo Gustavo, o ministro da Fazenda e a ministra do Planejamento visam o desenvolvimento do Produto Interno Bruto (PIB), mesmo que a curto prazo. 

O conflito entre objetivos é o que gera ruído, prossegue o especialista. “Ás vezes”, pondera Gustavo, “os políticos têm um horizonte de mais curto prazo, querendo dar um impulso econômico no PIB, para o PIB crescer, para renda crescer, para o emprego expandir, o que é excelente”.

No entanto, o educador alerta para um possível efeito rebote resultante dessa medida. “Se a gente cortar a taxa de juros de maneira abrupta ou aumentar a meta de inflação, no médio, longo prazo é pior. […] Acaba elevando ainda mais a taxa de juros adiante”, atestou.

Rodrigo Correa acredita ser bem possível uma mudança na postura do CMN em relação à do governo anterior.  Segundo ele, isso pode acontecer porque “são governos com atitudes ideológicas opostas”.

Quanto a uma possível reação do mercado, o estrategista explica que não deverá haver muita reação, sem a discussão da meta de inflação em pauta.

O que é o CMN?

Segundo o site do Governo Federal, o Conselho Monetário Nacional é o órgão superior do Sistema Financeiro Nacional (SFN). O CMN visa estabilizar a moeda e o desenvolvimento econômico e social do país.

A responsabilidade do órgão é formular a política da moeda e do crédito, e os membros do CMN reúnem-se uma vez ao mês para discutir diversas pautas econômicas. 

De acordo com o site do Banco Central, as discussões envolvem orientar a aplicação dos recursos das instituições; coordenar as políticas monetária, creditícia, orçamentária e da dívida pública interna e externa.

Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras também está entre as atribuições do Conselho.

Atualmente, o CMN é formado por três membros: Fernando Haddad e Simone Tebet, ministros da Fazenda e do Planejamento, respectivamente, e por Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central.

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