Após mais de 20 anos de listagem, ENBR3 vai sair da B3: vender agora ou aguardar?

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A EDP Brasil [ENBR3] está com os dias praticamente contados na B3. O grupo português Energias de Portugal (EDP), controlador da empresa, protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) um pedido de Oferta Pública de Aquisição (OPA), com a proposta de pagar R$ 24 por ação.

O valor representa um prêmio de 22,3% em relação ao fechamento da véspera e se aproxima do preço justo da Eleven Financial, de R$ 26. Em reação do mercado, ENBR3 dispara em torno de 15% na sessão desta quinta-feira (02). 

No entanto, segurar os papéis em carteira até a conclusão da OPA não é a estratégia preferida pela casa de análise. “Nossa recomendação é colocar o lucro no bolso”, sintetiza Carlos Daltozo, head de research da Eleven. 

Considerando que o processo da OPA pode durar meses e que o preço das ações já se aproxima dos R$ 24 prometidos pela EDP diante do salto de hoje, o analista considera mais vantajoso realizar lucros logo e  buscar outras oportunidades de investimento.

Em comunicado divulgado na madrugada desta quinta-feira, a EDP informou a pretensão de concluir o processo ainda este ano, em um cronograma de sete meses. 

O preço de aquisição sugerido pela multinacional Ernst & Young – contratada pela EDP como avaliadora independente –  era de R$ 20,20 a R$ 22,09. Assim, acrescentou Daltozo, há poucas chances de aumento do preço por ação na OPA, uma vez que a proposta atual já excede o recomendado pela consultoria. 

A primeira de muitas

A Energias do Brasil não será a única a entrar com pedido de fechamento de capital, diz Carlos Daltozo. Após quase 20 anos desde o IPO, em julho de 2005, a deslistagem “infelizmente, deve ser a primeira de muitas”.

Daltozo vê no fechamento de capital da companhia – cujas ações integram a estratégia focada em dividendos da Eleven – o retrato de um momento mais abrangente no mercado brasileiro. 

Dado o patamar atual da taxa de juros, pondera o analista, está muito caro de se tomar dívida para companhias com estrutura de multinacional, como a EDP. 

“Faz muito mais sentido você tomar a dívida lá fora para investir em projetos aqui no Brasil, buscando uma tier muito maior e com uma eficiência de custo melhor para os projetos”, completou. 

“Nós não tivemos um IPO no ano passado e com esse patamar de juros atual, muito difícil que nós tenhamos IPO em 2023 também”, conclui.

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