Ao investir em ações de uma empresa, os acionistas buscam obter retornos financeiros que reflitam o sucesso e o desempenho do negócio. Uma das formas mais comuns de recompensar os acionistas é por meio da distribuição de dividendos, uma parte dos lucros gerados pela empresa.
Cada empresa possui uma política de distribuição de dividendos, a qual representa a estratégia adotada pela empresa para decidir como e quando os lucros serão distribuídos aos acionistas.
Geralmente, essa política é determinada pelo conselho de administração da companhia, considerando a legislação vigente, o desempenho financeiro, as metas de crescimento da empresa e a disponibilidade de recursos.
Principais características
Uma das principais características da política de dividendos é o percentual do lucro que será distribuído.
De acordo com as especificidades de cada companhia é possível observar vantagens e desvantagens na hora de adotar políticas mais agressivas ou conservadoras.
Para Ricardo Brasil, fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, as políticas de dividendos se diferenciam entre as vantagens para os investidores.
Dentre algumas, destacam-se a capacidade de chamar a atenção dos investidores e garantir uma maior liquidez. Ricardo afirma que as companhias preferem uma abordagem conservadora quando se trata de distribuição de dividendos, pois percentuais de distribuição excessivos podem indicar que a empresa não precisa de dinheiro para crescer.
Afinal, se uma empresa está distribuindo dividendos, é provável que ela já esteja financeiramente estável e não precise de capital adicional para expandir suas operações.
De acordo com o especialista em análise financeira, optar por investir em empresas com políticas de dividendos mais conservadoras demonstra que a companhia tem uma mentalidade de investimento interno, ou seja, ela reinveste seus lucros para impulsionar seu crescimento.
Isso torna o ativo ainda mais interessante para investidores de longo prazo, pois indica maior comprometimento com seu desenvolvimento e criação de valor para os acionistas.
Dividendos: vantagens que vão além da distribuição
O especialista consultado pelo TradeNews, em analogia com a anatomia do corpo humano, diz que os dividendos podem ser comparados a um membro do sistema empresarial. E afirmou que, quando os recursos são distribuídos aos acionistas, é como se a empresa estivesse “perdendo” esse membro.
“É importante lembrar que, se uma empresa possui R$ 10 milhões em caixa e decide distribuir R$ 1 milhão em dividendos, seu valor como empresa diminui, uma vez que os dividendos são deduzidos do valor das ações”, declarou Ricardo Brasil.
No curto prazo, essa proposta pode não ser vantajosa. No entanto, olhando por outro ângulo, do ponto de vista fiscal, é interessante considerar o seguinte exemplo: para a Receita Federal, se um investidor comprou uma ação por R$ 10 e recebeu R$ 2 em dividendos, e a ação passou a valer R$ 8 no dia seguinte, e então ele a vende pelo seu valor atual de R$ 8, acaba ficando no zero a zero.
Nesse sentido, entra a vantagem fiscal: a Receita Federal interpreta que esse “resultado” pode ser contabilizado como prejuízo, possibilitando abater na alíquota sobre as operações de trading que, de outra forma, requereriam o pagamento de impostos.
Momento de distribuição
No Brasil, é comum que as empresas distribuam dividendos anualmente, geralmente após a aprovação dos resultados em assembleia geral ordinária. No entanto, algumas empresas optam por fazer distribuições trimestrais ou semestrais, proporcionando aos acionistas um fluxo de caixa mais constante.
Outra opção adotada por algumas empresas é a reinvestimento dos lucros, por meio do programa de reinvestimento de dividendos (DRIP).
Nesse caso, os acionistas têm a opção de receber os dividendos em dinheiro ou utilizar o valor para adquirir mais ações da empresa, ampliando sua participação e aproveitando possíveis valorizações futuras.
Em resumo, a política de dividendos das empresas no Brasil é uma decisão estratégica que leva em consideração fatores como a legislação, o desempenho financeiro, a disponibilidade de recursos e as metas de crescimento da empresa.
Essa política busca equilibrar os interesses dos acionistas, a necessidade de investimento na empresa e a manutenção de uma boa relação com o mercado.
Cabe aos investidores analisarem as políticas de dividendos das empresas em que pretendem investir, considerando suas próprias estratégias e objetivos financeiros.