Quando o trader sai de férias

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Traders compartilham experiências e explicam como se dividem entre o descanso das férias e o lucro das operações

As férias são o momento em que os trabalhadores costumam tirar sua cabeça do trabalho. Sem papelada ou prazos, grande parte das pessoas usa esse tempo para descansar e tirar um tempo para si, desligando-se totalmente das tarefas relacionadas ao ofício. Mas isso não funciona para os traders. 

“Quando eu saio de férias eu costumo [me] desligar bastante do mercado, mas se eu falar para você que eu desligo 100%, eu estou mentindo”, declarou Filipe Borges, analista técnico e trader. Ele afirma que não costuma realizar operações de curto prazo, como o day trade, porém não deixa de conferir como andam as ações que acompanha e dar uma checada no mercado de cripto.

Já Daniel Braga, sócio fundador da Nomos, confessa não resistir a uma boa oportunidade no day trade, ainda que isso signifique sacrificar parte do seu tempo de descanso. “É impossível deixar de dar uma olhada no mercado”, ressaltou. “E se enxergar uma oportunidade que grita para mim, eu não resisto.”

Apesar de muitas vezes dar uma “escapada” das férias para o trade, ele explica que a performance das operações costuma ser bastante lucrativa no período. No recesso mais recente, Daniel lucrou mais de R$ 80 mil reais em operações de day trade e swing trade.

Performance das operações feitas por Daniel nas férias, quando lucrou mais de 80 mil reais. A penúltima coluna, da esquerda para direita, representa o lucro com swing trade e a última o lucro com day trade. [Fonte: Daniel Braga]
Filipe tem uma postura diferente, optando por tomar um caminho mais calmo: nas férias, o analista não abre novas operações e só acompanha as que já estão em andamento. As ordens que ele costuma efetuar são do tipo VAC – Válida Até Cancelar –, a qual segue ativa até que o investidor cancele ou no momento que o papel fica ex-proventos – neste caso, a própria B3 termina a operação.

“[Então], basta olhar uma vez por dia para ver se tem ajuste de stop, se está próximo do alvo ou se alguma ordem foi executada.”

Filipe Borges não deixa de conferir o mercado, mesmo de férias. [Fonte: Nomos].
Um ponto em comum entre ambos os traders é a família e suas reclamações quanto ao tempo que eles costumam passar olhando o mercado, mesmo de férias. Filipe diz considerar isto muitas vezes um lazer e, por isso, tem dificuldades em não seguir com a rotina de olhar gráficos e acompanhar o mercado. 

Daniel relata que sua esposa costuma não gostar de suas “fugas” ao mercado nas férias, mas que, com o passar do tempo, passou a ser bem mais compreensiva. 

Apesar do sucesso nas operações relatado por Filipe e Daniel, a prática de não largar o mercado nas férias contraria a recomendação de especialistas em saúde mental. Para Celso Sant’Ana, psicólogo e fundador do Psicologia Financeira, todo profissional do mercado financeiro – incluindo os traders – devem tirar férias totais das operações. 

“Dado o nível de intensidade emocional que a profissão causa, então tem que tirar férias sim e deixar completamente de lado o mercado, não olhar notícia e muito menos plataforma”, declarou. Caso o trader viaje, ele recomenda que o profissional não leve consigo os meios para acessar o mercado financeiro. 

Aos traders que não conseguem se afastar por muito tempo, o especialista indica tirar menos tempo de recesso e não os 30 dias habituais. “Tire 7 dias, tire 10 dias de férias, [mas] não é para operar enquanto está de férias. O que você pode fazer é reduzir o tempo que você vai ficar descansando.”

A família de Daniel Braga costuma reclamar quando ele deixa o descanso das férias para espiar o mercado. [Fonte: Nomos]
Sant’Ana também aponta que o trader pode ter prejuízos – emocionais e financeiros – se decidir operar nas férias. Além de estar perdendo o tempo em que poderia estar descansando, o profissional poderá se desgastar emocionalmente e se culpar, caso faça uma operação e ela acabe de forma negativa. 

Por outro lado, se o trader tiver um resultado positivo, o psicólogo alega que o profissional pode entrar em euforia, aumentando seu excesso de confiança e levando a grandes perdas. 

Para Celso, o importante é que o trader descanse e volte ao trabalho com a mente fresca para operar. 

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