O Índice de Preços ao Produtor brasileiro registrou variação de -0,18% em dezembro, ante novembro, e acumulou queda de 4,98% em 2023, menor valor acumulado no ano até um mês de dezembro desde o início da série histórica, em 2014.
Em dezembro, 12 das 24 atividades industriais pesquisadas apresentaram queda. Os principais impactos do mês vieram de refino de petróleo e biocombustíveis (-0,45 p.p.), alimentos (0,14 p.p.), indústrias extrativas (0,11 p.p.) e outros produtos químicos (-0,09 p.p.).
No ano, as principais influências vieram de refino de petróleo e biocombustíveis (-1,85 p.p.), outros produtos químicos (-1,51 p.p.), metalurgia (-0,60 p.p.) e alimentos (-0,60 p.p.).
O barril de petróleo e alguns produtos químicos, como fertilizantes e defensivos, apresentaram queda em seus preços ao longo do primeiro semestre do ano passado em função do efeito combinado de estoques elevados que haviam sido montados no segundo semestre de 2022, normalização das cadeias de suprimentos, diminuição da demanda global e redução nos custos de produção.
Os produtos de alumínio também passaram pelo mesmo processo e justificam a maior parte da queda da metalurgia. Já o recuo dos alimentos pode ser atribuído aos derivados da soja, que apresentou safra significante no ano passado e mais do que compensou avanços relevantes, como a do açúcar VHP e do arroz.
Apesar do recorde negativo, o IPP passou por uma estabilização na segunda metade do ano passado e deve continuar apresentando resultados mais moderados em 2024.
Em meio ao cenário atual de El Niño mais longo, entendemos que os alimentos e bebidas seguirão em alta pelos próximos meses e podemos ver uma recuperação do petróleo a partir da segunda metade do ano em função da força da economia americana e início dos ciclos de cortes de juros nos EUA e na Europa.
Ainda assim, o IPP não tende a comprometer a trajetória de inflação controlada e queda nos juros nacionais.