O IPCA avançou 0,42% em janeiro, desacelerando da alta de 0,56% de dezembro. Nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 4,51%, abaixo dos 4,62% observados nos 12 meses imediatamente anteriores. Apesar da desaceleração, os números de ambas as comparações foram maiores do que os esperados pelo mercado.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, sete tiveram alta em janeiro, sendo que a maior variação e impacto veio do grupo Alimentação e bebidas (1,38% e 0,29 p.p.). Outros segmentos de destaque foram Saúde e cuidados pessoais (0,83% e 0,11 p.p.) e Despesas pessoais (0,82% e 0,08 p.p.). Do lado negativo, o grupo Transportes (-0,65% e -0,14 p.p.) foi o que teve maior impacto.
Os alimentos voltaram a subir influenciados principalmente pela alta de 1,81% na alimentação no domicílio, que por sua vez foi puxada pelos avanços da cenoura (43,85%), da batata-inglesa (29,45%) e do feijão-carioca (9,7%), refletindo impactos das chuvas intensas e temperaturas elevadas em várias regiões do país.
Já a alimentação fora do domicílio teve alta de 0,25%, resultado de aumentos de 0,32% no lanche e 0,17% na refeição.
Ao mesmo tempo, o grupo de saúde avançou em função dos preços mais elevados dos itens de higiene pessoal (0,94%), especialmente produto para pele (2,64%) e perfume (1,46%). Além disso, o plano de saúde (0,76%) e os produtos farmacêuticos (0,7%) também subiram.
Por outro lado, assim como foi no IPCA-15, os transportes recuaram muito influenciados pela passagem aérea, que caiu 15,22% e foi o item de maior contribuição individual do resultado (-0,15p.p.). No mais, os combustíveis (-0,39%) também recuaram, com quedas no etanol (-1,55%), no óleo diesel (-1%) e na gasolina (-0,31%), enquanto o gás veicular (5,86%) subiu.
O IPCA seguiu bem de perto o que foi apresentado pelo IPCA-15, trazendo as passagens aéreas, que vinham se destacando por fortes altas no fim do ano passado, do lado negativo após o fim de ano.
Ao mesmo tempo, os impactos do El Niño seguem pesando bastante sobre os alimentos e esse cenário deve prevalecer nos próximos meses, já que a expectativa é que o evento climático siga até meados de junho.
Ainda assim, a desaceleração do IPCA está em linha com as expectativas do mercado de uma inflação mais contida em 2024 e, portanto, mantemos um cenário favorável para novos cortes de juros de mesma magnitude nas próximas reuniões do Copom, mas reiteramos a necessidade de atenção com o risco fiscal ao longo do ano.