O PIB brasileiro ficou estável na comparação com o 3T23, resultado das variações de 1,3% da Indústria, 0,3% dos Serviços e -5,3% da Agropecuária. Já em relação ao 4T22 houve crescimento de 2,1%, com destaque para a alta de 2,9% da Indústria, 1,9% dos Serviços e estagnação na Agropecuária.
No mais, o PIB cresceu 2,9% em relação a 2022. Os três grandes segmentos expandiram no ano, com destaque para a Agropecuária (15,1%), que foi acompanhada pelos Serviços (2,4%) e pela Indústria (1,6%).
Na comparação trimestral e dentre as atividades industriais, as Indústrias Extrativas (4,7%), a Construção (4,2%) e a Eletricidade, gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (2,8%) avançaram, enquanto as Indústrias de Transformação (-0,2%) tiveram leve queda.
Nos Serviços, os principais destaques ficaram com Outras atividades de serviços (1,2%), Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (0,7%) e Atividades imobiliárias (0,1%). Por outro lado, Comércio (-0,8%), Transporte, armazenagem e correio (-0,6%) e Informação e comunicação (-0,1%) compensaram parte do resultado.
Já entre anos, a alta na Agropecuária decorreu, principalmente, do crescimento da produção e ganho de produtividade da agricultura. Várias culturas apresentaram crescimento em 2023, com destaque para a soja (27,1%) e o milho (19%), que atingiram produções recordes na série histórica. Por outro lado, algumas lavouras tiveram queda na estimativa de produção anual, como por exemplo o trigo (- 22,8%), laranja (-7,4%) e arroz (-3,5%).
Na indústria, o grande destaque foram as Indústrias Extrativas (8,7%), que cresceram impulsionadas principalmente pela extração de petróleo e gás natural e de minério de ferro, e a atividade de Eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos, que se beneficiou de condições hídricas melhores do que em 2022 e o aumento das temperaturas médias do ano.
As Indústrias de Transformação recuaram em razão da queda na produção de: produtos químicos; máquinas e equipamentos; metalurgia; e indústria automotiva.
Em Serviços, todas as atividades apresentaram expansão e as que mais se sobressaíram foram: Atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (6,6%), Atividades imobiliárias (3,0%) e Outras atividades de serviços (2,8%).
Pela ótica da despesa, a Formação Bruta de Capital Fixo (-3%) foi o único item com variação negativa e com destaque para a queda de máquinas e equipamentos (-9,4%), refletindo o impacto das taxas de juros elevadas sobre os investimentos.
O Consumo das Famílias avançou 3,1%, puxado pela massa salarial real, pelo arrefecimento da inflação e pelos programas governamentais de transferência de renda. As Despesas do Governo, por sua vez, apresentaram alta de 1,7%. No setor externo, as Exportações cresceram 9,1%, enquanto as Importações recuaram 1,2%.
Apesar do resultado trimestral ter ficado marginalmente abaixo das projeções do mercado, destacando a desaceleração da economia nacional no final do ano passado, ainda tivemos um resultado bom em 2023, algo possibilitado principalmente pela supersafra de grãos, pelos estímulos fiscais do governo, pela redução da taxa de juros e pela queda do desemprego.
Para 2024 a perspectiva é de um crescimento mais moderado à medida que os impactos do El Niño tendem a prejudicar a atividade agrícola, em especial as safras de soja e milho, e temos queda dos preços das soft commodities com a desaceleração da economia global.
Por outro lado, com as projeções de inflação bem controlada neste ano, o Copom tem tudo para continuar com os cortes de juros, favorecendo os setores de serviços e industrial. Entretanto, a questão fiscal será um tema central deste ano que poderá prejudicar a trajetória dos juros e a inflação, algo que geraria impacto no PIB e nos investimentos, portanto, deve ser monitorado com atenção.