Game On: como os gamers moldaram a tecnologia moderna

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DISCLAIMER: o texto a seguir trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

Os videogames sempre foram vistos como uma forma de entretenimento leve, muitas vezes associados a estereótipos de jogadores preguiçosos e descompromissados. No entanto, essa percepção esconde um impacto profundo e duradouro que a comunidade gamer teve no mundo da tecnologia e inovação.

Desde os primeiros dias dos videogames, houve uma necessidade constante de melhorar a capacidade de processamento gráfico para suportar ambientes cada vez mais complexos e interativos. A busca por uma experiência de jogo mais fluida e visualmente atraente pressionou as empresas de tecnologia a desenvolverem hardwares mais potentes, como GPUs (placas de vídeo) avançadas e processadores mais rápidos.

Aproveitando o exemplo das GPUs, que inicialmente foram projetadas para melhorar os gráficos dos jogos, acabaram sendo reconhecidas por sua capacidade de funcionar como “super calculadoras”. A ideia original da GPU é, por exemplo, calcular como a luz interage com objetos em ambientes 3D (jogos) e como eles devem aparecer nas nossas telas sendo observadas de diferentes ângulos.

Como devem imaginar, elas podem chegar a realizar centenas de bilhões de cálculos por hora, ou até trilhões, e essa capacidade de processamento pode ser redirecionada para vários outros setores.

Logo cedo, as GPUs ganharam espaço nas simulações científicas de todo tipo, especialmente aquelas que precisam de uma boa quantidade de cálculos paralelos. Elas foram utilizadas para simular o comportamento de átomos e moléculas, prever padrões meteorológicos, criar modelos de cenários econômicos e auxiliar em análises de risco.

Com o tempo, à medida que as demandas de processamento em diferentes setores foram evoluindo, surgiram necessidades por hardware especializados, além das GPUs clássicas, para otimizar os desempenho em tarefas específicas. Hoje temos TPUs, DPUs, IPUs, ASICs, FPGAs e vários outros tipos de hardwares especializados. Com eles, os mercados evoluíram e passamos a desenvolver novos avanços em inteligência artificial, computação em nuvem, criptomoedas, biotecnologia e até carros que andam sozinhos.

As GPUs transformaram radicalmente uma variedade de indústrias desde a sua concepção, trazendo uma nova onda de inovações a cada momento. Olhando para o futuro, essa trajetória sugere que estamos prestes a vivenciar transformações ainda mais rápidas e descobertas que hoje só conseguimos imaginar.

Juntando com a crescente entrada de mais países na produção de chips semicondutores, vemos uma aceleração ainda maior do setor, portanto, o impacto completo desses hardwares em nossas vidas e cultura ainda estão para ser vistos por completo.

É uma ironia que os gamers, frequentemente marginalizados como meros entusiastas de um passatempo sem seriedade, tenham sido, na verdade, catalisadores para algumas das inovações tecnológicas mais significativas da nossa era. A verdade é que os grandes avanços surgem nos locais mais inesperados e, ao reconhecer essa característica, podemos perceber que as dinâmicas do mundo estão mudando.

Portanto, na próxima vez que pensarmos em grandes avanços ou situações de muito impacto, talvez devêssemos olhar não apenas para os laboratórios e salas de reuniões, mas também para as salas de estar e as comunidades ao nosso redor.

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