Luís Gustavo Novais
O setor de frigoríficos foi um dos principais destaques positivos da B3 ao longo de 2024. Mas agora, especialistas divergem sobre a possibilidade de entrada nos papéis das companhias do setor. A falta de consenso se deve ao surgimento de opções mais atrativas que JBS [JBSS3], Marfrig [MRFG3], Minerva [BEEF3] e BRF [BRFS3] no mercado.
Os ativos de proteína animal têm passado por instabilidades ao longo dos anos, com bom desempenho em 2022, sofrendo em 2023 e sendo um dos melhores setores da Bolsa no primeiro semestre de 2024. O principal momento das companhias neste ano foi a temporada de balanços do segundo trimestre, quando os números reportados resultaram em um salto das ações na B3.
Muito desse bom desempenho está atrelado ao custo da arroba do boi, que atinge preços mínimos do ciclo. “A dinâmica do mercado de carnes está favorável às empresas que compram a arroba do boi para processar as carnes, que é o caso de JBS e Marfrig, principalmente”, disse o estrategista de ações da Nomos, Max Bohm. Dessa maneira, as companhias conseguem comprar barato e repassar a economia no preço da carne.
A BRF, junto com JBS e Marfrig, são os destaques do segmento. A Minerva Foods fica de fora, em função da espera da aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a aquisição de frigoríficos que eram da Marfrig.
Mas talvez as ações tenham “passado do ponto”, estando muito esticadas e perdendo atratividade, quando comparadas a outros papéis. “Eu acho que tem upside ainda, mas é menor do que várias opções de ações cíclicas e domésticas, que eu entendo serem mais interessantes nesse momento”, explicou Bohm.
Em contrapartida, o estrategista da MSX Invest, Marco Saravalle, acredita que os papéis do setor ainda são viáveis. “O setor foi um dos destaques positivos neste segundo trimestre e sinaliza, pelo menos, um terceiro trimestre na mesma magnitude. A mesma tendência, de uma forma geral”, indica.
À procura do corte mais nobre
A JBS teve resultados muito significativos e acima do esperado no 2T24, com receita líquida de R$ 100,6 bilhões, que representa uma alta de 12,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Foi a maior receita trimestral já alcançada pela companhia.
Adicionalmente, o frigorífico registrou um Ebitda de R$ 9,9 bilhões, mais que o dobro em comparação ao 2T23. “No setor inteiro, a gente tem destaque para JBS e, de uma forma consolidada, os resultados vieram melhores do que o esperado”, destaca Saravalle.
Analisando as recomendações computadas pela Bloomberg, JBSS3 é a melhor posicionada entre as opções do setor.
Por outro lado, do ponto de vista do analista técnico Filipe Borges, da Benndorf Research, a Marfrig é a que está, graficamente, mais alinhada para compra.
Com base no gráfico, a recomendação é adquirir MRFG3 acima de R$ 15,02, visando um potencial de lucro de até 21%, e com stop abaixo dos R$ 13,50. A empresa apresenta uma tendência de alta consolidada e já ultrapassou importantes resistências, o que reforça a expectativa de valorização.
Em uma relação de risco-ganho de dois para um, a operação compensa. “É a [ação] que está se mantendo mais firme e com melhor possibilidade de continuação do movimento de alta.”, finalizou Borges.