Panorama de 23 a 27 de setembro
A semana da política monetária terminou com saldo negativo para o Ibovespa. O índice recuou 1,5% no acumulado semanal, em reação dos investidores ao comunicado mais duro do Copom, que subiu a Selic em 0,25 ponto percentual.
A oportunidade do Banco Central de calibrar a expectativa do mercado no novo ciclo de aperto monetário e reancorar as expectativas é a ata da última reunião, que será divulgada na próxima terça-feira (24). O colegiado vai ter que explicar, na ata, os detalhes dos pontos que causaram a deterioração atual das expectativas de inflação, como o hiato do produto positivo e o balanço de risco assimétrico altista.
Panorama do Ibovespa
O Ibovespa acelerou as quedas na semana que passou, após aproximadamente três semanas de lateralidade, aponta o analista técnico Filipe Borges. “A gente teve uma alta muito forte iniciada no início de agosto, durou até quase o final do mês, e agora o mercado começa a corrigir um pouquinho mais forte.”
O especialista vê espaço para mais quedas no Ibovespa nos próximos dias, até a região entre 130 e 129.600 pontos, a qual era uma região de resistência anterior, estabelecida em julho deste ano, “e que provavelmente será testada”, pontuou Filipe.
A maior probabilidade do mercado continuar corrigindo, prossegue, é pelo aumento do fluxo vendedor nos últimos três pregões. O Ibovespa saiu dos 135 mil pontos para a faixa dos 131 mil.
Dicas de Trades
Itaú [ITUB4]
A ação do Itaú está consolidada na faixa entre R$ 35,80 e R$ 37,55. “Aparentemente está mais para romper para baixo, pela sombra nos candles semanais”, diz Filipe. Caso rompa a cotação dos R$ 35,98, o ativo pode voltar para o patamar dos R$ 32,20, “quiçá R$ 30,50”.
Para operações de swing trade, o analista recomenda stop loss abaixo dos R$ 35,80 para quem já está comprado em ITUB4. Já para novas compras, o papel precisa alinhar o gráfico de 60 minutos e trabalhar acima das médias, “o que não faz nesse momento”. Assim, Filipe aconselha quem está de fora do ativo a aguardar nova movimentação para se posicionar.
Brasil Foods [BRFS3]
A BRF se encontra em uma linha de tendência de baixa de longuíssimo prazo. O papel montou um pivô de alta no gráfico semanal que continua evoluindo, com alvo em R$ 31,50, segundo Filipe Borges. “No patamar que está, vejo upside para o ativo em torno de 24%.”
O analista afirmou que vai ficar atento para compras na semana que está para começar. A superação da máxima da última semana seria um bom ponto de entrada, com stop abaixo dos R$ 23,70, conferindo uma boa relação risco-ganho.
CSN Mineração [CMIN3]
Filipe iniciou uma operação em CMIN3 na última semana, com lucro de 20%. “O ativo já corrigiu bastante”, indica. Ele encerrou a operação quando o papel bateu R$ 6,95, e vê mais espaço para novas quedas da cotação pelo gráfico semanal.
Para avaliar novas compras no papel, o analista vai aguardar uma possível correção do ativo até a região entre R$ 5,85 e R$ 5,50. Caso tal movimento seja seguido por uma retomada de fluxo comprador, ele indica entrada na ação. “Caso contrário, eu fico de fora”, finalizou.
Indicadores econômicos
Além da ata do Copom, a semana reserva a publicação do Relatório de Inflação, que será conhecido na quinta-feira (26). Também vão sair outros dados importantes para a economia brasileira. O IPCA-15 de setembro, que será divulgado na quarta, será a primeira mensuração do nível de preços com impactos da seca e das queimadas, além da bandeira vermelha 1 nas contas de energia.
No exterior, os destaques são a leitura final do PIB dos EUA no segundo trimestre e o índice de inflação preferido do Fed, o PCE. Os dois indicadores serão revelados no fim da semana.
O mercado vai verificar se a leitura final do PIB continua apontando expansão de 3% entre abril e junho, enquanto as atenções no índice de inflação são para monitorar a tendência de desaceleração e que venha em linha com o consenso, tanto o índice cheio como o núcleo, comentou Leandro Manzoni, analista de macroeconomia do Investing.com.
Além disso, dirigentes do Fed vão realizar discursos ao longo da semana. O destaque é a concentração de vários discursos no evento “U.S. Treasury Market Conference” promovido pelo Fed de Nova York, entre os quais de Jerome Powell, presidente da autoridade monetária americana.