por Luís Gustavo Novais
A Black Friday de 2024 promete um cenário promissor, mas também desafiador, segundo análise da XP Investimentos. Apesar do entusiasmo em torno do evento, com intenção de compra em alta e estratégias agressivas por parte das empresas, o contexto macroeconômico adverso e a maior racionalidade dos consumidores podem frear os resultados mais expressivos.
Pesquisas recentes indicam um aumento no volume de vendas durante o fim de semana da Black Friday, que ocorre de 28 de novembro a 1º de dezembro. Segundo a Neotrust, o varejo online deve movimentar mais de R$ 9 bilhões, representando um crescimento de 9% em relação ao ano anterior. Essa expectativa é sustentada pela recuperação do comércio eletrônico (+14% no acumulado de janeiro a setembro de 2024).
Por outro lado, a Confederação Nacional do Comércio (CNC) adota uma visão mais cautelosa, prevendo um avanço tímido de 0,4% em relação ao ano passado. A organização destaca fatores macroeconômicos como taxas de juros elevadas, câmbio instável e crédito mais restrito, que continuam a pesar sobre o consumo.
Consumidores mais atentos e estratégicos
Embora 39% dos consumidores entrevistados pela Pmweb planejem aproveitar as ofertas da Black Friday, 72% afirmam monitorar preços com pelo menos um mês de antecedência. Essa postura indica maior racionalidade nas decisões de compra, reforçando a tendência de uma “Black Novembro”, em que promoções são antecipadas para atrair clientes ao longo de todo o mês.
O preço continua sendo o principal fator decisivo para os consumidores, seguido por benefícios como frete grátis e prazos rápidos de entrega. Entre as categorias de maior interesse estão eletrônicos e móveis, tradicionalmente líderes de vendas, com moda e varejo alimentar também ganhando destaque. O setor de beleza, em ascensão, desponta como uma aposta importante.
Estratégias empresariais para conquistar consumidores
As grandes varejistas têm se preparado para o evento com estratégias que vão além dos descontos. Algumas iniciativas incluem:
- Mercado Livre (MELI): investimento de R$ 40 milhões em cupons e aumento de 50% nos gastos com marketing.
- Shopee: campanha “1 ano de Frete Grátis” e parcelamento em até 12 vezes.
- Magazine Luiza (MGLU) e Shein: descontos agressivos de até 95% e frete grátis.
- Amazon e Shopee: foco em logística com novas estruturas no Rio de Janeiro e São Paulo para acelerar entregas.
- BHIA: contratação de trabalhadores temporários e disponibilização de R$ 1 bilhão em crédito, além de descontos personalizados por região.
Projeções para 2024
Para a XP Investimentos, a Black Friday deste ano pode apresentar resultados sólidos, impulsionados por uma base de comparação mais fácil com 2023. No entanto, as empresas devem adotar uma postura promocional mais racional, o que pode limitar a atratividade dos descontos, especialmente em bens duráveis de maior valor.
Nesse cenário, itens de menor ticket, como vestuário e produtos de beleza, podem se destacar, favorecidos pelo ambiente econômico de juros altos. Apesar das adversidades, a combinação de estratégias robustas e interesse do consumidor deve garantir um desempenho positivo para o maior evento de compras do ano.