por Luís Gustavo Novais
Mesmo as ações brasileiras permanecendo com preços descontados e sólidos fundamentos, especialistas acreditam que em 2025 os lucros das companhias devem ser revisados para baixo, na iminência de serem penalizadas pelos juros em níveis mais elevados, no ano que está por vir.
De forma nada memorável, 2024 vai ficando para trás e a Bolsa brasileira ficou entre as piores do mundo em termos de performance, caindo 24% em dólar. Dessa maneira, as expectativas para o próximo ano começam a estar cada vez mais em foco. Mas o panorama não é animador, principalmente pelo histórico de desempenho ruim durante ciclos de aumentos das taxas de juros.
Desde o início dos anos 2000, o retorno médio do Ibovespa em ciclos de contração monetária foi de -7,26% e -10,88% ao excluir os efeitos da pandemia, indica estudo realizado pela XP Investimentos.
A preocupação com a política fiscal pesa sobre as ações brasileiras, uma vez que ela permanece expansionista e, para 2025, um impulso fiscal menor não deve ser o suficiente para equilibrar as contas públicas, e o cumprimento das metas orçamentárias continuará sendo um desafio.
Corroborando com a ideia de alta nos juros, o futuro presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, confirmou a tendência de juros altos no Brasil por mais tempo.
“Parece relativamente lógico imaginar isso (alta nos juros) e (foi) em cima desse movimento que aconteceu ao longo do ano que o Banco Central foi migrando gradativamente de um ciclo de corte para uma pausa e (para) o ciclo de alta de juros”, disse o diretor do BC.
Adicionalmente, o JPMorgan rebaixou a recomendação para as ações do Brasil de overweight, que equivale a compra, para neutra. Também preocupado com a possibilidade de novas altas da Selic e a desaceleração da economia chinesa.
Para muitos especialistas, a Bolsa brasileira realmente não parece uma boa opção. Quando perguntado se era um bom momento para investir na aqui, Márcio Appel, fundador da Adam Capital, respondeu que “nunca é um bom momento para investir na Bolsa brasileira”. Ele ainda completou dizendo que no longo prazo a Bolsa performa mal.
Com esse cenário, os investidores domésticos tendem a buscar a segurança da renda fixa, reduzindo os recursos destinados às ações. Paralelamente, a desvalorização do real pode desencorajar investimentos estrangeiros, agravando o cenário para a Bolsa brasileira em 2025.