por Lucas Rego
Uma das indagações mais presentes atualmente é sobre se o investidor deveria buscar uma posição em dólar. Brinco que sempre que me perguntam sobre comprar dólar eu não preciso abrir as cotações para saber que ele acabou de subir uns 10% e, quase sempre, estamos em algum episódio de crise com o governo/macro.
E é natural que nesses momentos tenhamos medo e seja nosso desejo buscar proteção. Mas, nesses cenários, também aumenta muito a chance de ser um ponto de entrada ruim, pois uma normalização tende a fazer as coisas voltarem aos patamares anteriores.
É fácil sabermos que o dólar sobe quanto maior a crise ou inflação aqui. Ou que os juros elevados contribuem para um dólar menor. O que é difícil saber é se o preço em tela já considera todos esses fatores corretamente, exageradamente ou insuficientemente. O momento atual é igual a tantos outros: é difícil fazer uma recomendação absoluta para um lado ou para o outro.
Por essa razão, eu sempre volto a pergunta ao portfólio do investidor:
Você já tem investimento no exterior? Se não tiver, precisa ter. Aí não interessa o dólar, o cenário ou qualquer outro fator. É simplesmente risco demais estar concentrado em um único país.
Você tem hedges naturais? Se você tiver uma empresa exportadora ou clientes que lhe pagam em dólar, por exemplo, é um exemplo de algo que lhe protege mais naturalmente de variações no câmbio. Se não tiver algo assim, maior a necessidade de proteção.
Ou seja, se o investidor está completamente desprotegido, faz sentido que ele faça a alocação em qualquer momento. Se o investidor já tem bastante dólar na carteira, há menor necessidade de alterações.
Ao longo da carreira criei a convicção que a primeira alocação em uma nova classe de ativos é a mais difícil de todas. Depois, é muito mais fácil tomar decisões e reagir. (deixando para continuar em outro texto)
O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.