Luís Gustavo Novais
A Embraer [EMBR3] divulgou a assinatura de um acordo de venda de 182 jatos com a fornecedora de aeronaves americana Flexjet. O pedido totaliza US$ 6 bilhões e aumentará a carteira de pedidos da companhia em aproximadamente 26%.
No acordo, o número total de aeronaves pode chegar a 212, considerando 182 pedidos firmes e 30 opções. Com isso, o valor total poderia atingir US$ 7 bilhões, adicionando US$ 1 bilhão das 30 opções.
Segundo o analista pleno da Benndorf Research, João Tonello, essa encomenda representa um recorde para jatos executivos de até R$ 40,4 bilhões e provavelmente trará um novo lucro recorde à empresa.
O BTG Pactual classificou o acordo como um “marco histórico para a aviação executiva”. Segundo o banco, a operação reforça o forte momento do setor global, evidenciando condições de preços atrativas que devem impulsionar a rentabilidade do negócio.
A companhia pode repetir 2024?
Em 2024, a fabricante brasileira de aeronaves registrou a maior alta do Ibovespa, com suas ações se valorizando 150,96%. Boa parte desse crescimento foi impulsionada pela carteira de pedidos do primeiro trimestre, a maior em sete anos.
Dessa forma, surge a dúvida: será possível repetir o feito em 2025?
Para Marco Saravalle, estrategista da MSX Invest, a companhia apresentará bons resultados neste ano. Entretanto, esse desempenho ainda não pode ser diretamente atribuído ao novo acordo.
De acordo com Saravalle, vários fatores podem levar à valorização da Embraer em 2025, sendo o principal deles a escassez de opções dolarizadas na bolsa brasileira. Com a alta do dólar, investidores tendem a buscar alternativas menos dependentes do mercado interno, colocando a Embraer em posição de destaque.
Além disso, o analista acredita que o impacto do acordo de vendas será sentido no longo prazo, pois a entrega das aeronaves influenciará a carteira de pedidos da empresa ao longo de cinco a seis anos. Assim, as revisões de margem devem ocorrer a partir de 2026.
Na mesma linha, Leonardo Piovesan, head de análise fundamentalista da Quantzed, prevê um desempenho ainda melhor para a Embraer em 2025, impulsionado por um aumento nas entregas e uma demanda mais forte por jatos. Além disso, ele destaca a preferência do mercado pelos modelos menores da Embraer em relação aos da Airbus.
Contudo, Piovesan ressalta que o momento ideal para a compra das ações já passou. Para ele, boa parte do potencial de valorização já foi capturado e, por isso, esperaria um movimento de baixa antes de realizar novas compras.
O que diz o gráfico?
Segundo a análise de João Tonello, o ativo apresentou um forte movimento de alta e, caso encerre o pregão nas máximas do dia, configurará um gap de fuga, reforçando a predominância da força compradora. Esse padrão sugere a possibilidade de continuidade da valorização, com espaço técnico para atingir o próximo alvo em R$ 66,20, uma região de resistência significativa.
A linha de tendência de alta segue respeitada, atuando como suporte dinâmico e fortalecendo a estrutura positiva. Além disso, o volume acima da média valida o movimento e indica a convicção dos compradores. Estratégias de compra devem priorizar correções próximas à LTA, enquanto operações de venda só se justificam em caso de rompimento dessa linha de tendência.