Em queda livre: banco classifica desaceleração do Brasil como “desequilibrada”

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O banco de investimento J.P. Morgan divulgou uma análise detalhada sobre o desempenho econômico do Brasil, destacando um quadro de desaceleração desequilibrada e uma desinflação mais rápida do que o esperado. A instituição reforça a visão de que este cenário cria espaço para que o Banco Central inicie um ciclo de cortes nas taxas de juros de forma mais antecipada e agressiva do que o mercado prevê.

Setores de crédito sofrem queda acentuada

Segundo a instituição financeira, indicadores recentes de atividade, como a produção industrial e as vendas no varejo, sinalizam que a economia brasileira está desacelerando de maneira “desordenada”. Enquanto setores como o de mineração mantêm um desempenho sólido, aqueles mais sensíveis ao crédito estão enfraquecendo. A produção manufatureira teve uma queda de 2,7% no último trimestre, seu pior resultado desde 2021. De forma similar, as vendas no varejo, tanto totais quanto do núcleo, caíram substancialmente em junho, resultando no pior desempenho trimestral desde o início da pandemia. Em contraste, as vendas em setores ligados ao ciclo de crédito despencaram mais de 17% no trimestre.

A produção de serviços surpreendeu ao crescer 0,3% em junho, mas a alta foi impulsionada quase que exclusivamente pelo setor de transporte, provavelmente devido ao escoamento da forte produção agrícola e de mineração. Os desequilíbrios entre os setores econômicos, o mercado de trabalho e as finanças de empresas e famílias reforçam a visão de que a economia está desacelerando mais rápido do que o esperado, com riscos de baixa para o crescimento no segundo semestre.

Produção da indústria e da mineração [Fonte: JP Morgan research]

Desinflação acelerada abre caminho para o BC

A análise do J.P. Morgan aponta que a desaceleração econômica tem sido acompanhada por uma desinflação mais pronunciada. O IPCA de julho de 2025 subiu apenas 0,26% no mês, vindo abaixo das expectativas mais otimistas. Essa surpresa foi impulsionada por uma significativa desaceleração no núcleo dos bens, levando o banco a revisar sua projeção de IPCA para 2025 de 5,5% para 5,0%.

O relatório também destaca sinais de desinflação sustentada em todos os setores, incluindo serviços, que têm se moderado recentemente. Embora a inflação ainda esteja elevada, o banco acredita que as tendências recentes de atividade e preços indicam que o Banco Central poderá iniciar o ciclo de cortes de juros em dezembro, com uma redução de 25 pontos-base, seguida por cortes de 50 pontos-base ao longo de 2026, levando a taxa Selic a 10,75% no final do ano.

Geopolítica e credibilidade fiscal em xeque

O J.P. Morgan também aborda o impacto das recentes tarifas de 50% impostas pelos EUA a produtos brasileiros, ressaltando a incerteza sobre o seu efeito final. Em resposta, o governo brasileiro anunciou um plano de mitigação de R$ 30 bilhões para apoiar linhas de crédito e introduziu medidas fiscais adicionais.

O banco de investimento estima que o impacto no resultado primário do governo será de aproximadamente 0,1% do PIB. No entanto, o J.P. Morgan critica a decisão do governo de excluir esse impacto dos limites de gastos e metas fiscais, argumentando que a medida mina a credibilidade fiscal do país.

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