As ações da Cosan [CSAN3] abriram o pregão desta segunda-feira (22) em forte queda de 22,53%, negociadas a R$ 5,81, e chegaram a entrar em leilão logo na abertura da B3. O movimento reflete a reação negativa do mercado ao anúncio de duas ofertas públicas primárias de ações que podem levantar até R$ 10 bilhões, com preço de referência de R$ 5 por papel, implicando um desconto de cerca de 33% em relação ao último fechamento.
Segundo fato relevante divulgado pela companhia, a operação será ancorada por veículos ligados ao BTG Pactual, Perfin Infra e pelas holdings da família Ometto, que assumiram o compromisso de integralizar R$ 7,25 bilhões na primeira oferta. O montante total será destinado ao pagamento e renegociação de dívidas, com o objetivo de reduzir a alavancagem da empresa.
Estrutura da operação e lock-up
De acordo com o comunicado, a primeira oferta será realizada sem direito de prioridade para os acionistas atuais, envolvendo 1,45 bilhão de ações, podendo ser acrescida em até 25%. Parte dos papéis ficará sujeita a lock-up de dois anos, enquanto os investidores âncora aceitaram restrições mais longas, de até quatro anos.
A segunda oferta, por sua vez, dará prioridade aos acionistas que detinham posição até 19 de setembro e terá o mesmo preço fixo da primeira, de R$ 5 por ação. O total das duas operações não poderá ultrapassar 2 bilhões de papéis emitidos.
Impacto no mercado e leitura dos analistas
Para Reydson Mattos, estrategista da NMS Research, o desconto elevado e o tamanho da oferta explicam a performance negativa de CSAN3 no dia. “A diluição será grande, chegando a 77% do capital. Quem já era acionista na sexta-feira deve aguardar a segunda oferta, mas o mercado reagiu fortemente à perspectiva de perda de valor no curto prazo”, afirmou.
O Bradesco BBI destacou em relatório que, apesar da diluição, a operação deve melhorar a estrutura de capital da holding, praticamente eliminando a dívida no nível corporativo. O banco reduziu o preço-alvo da ação de R$ 9 para R$ 8, mas manteve recomendação de compra (outperform), ressaltando três pontos positivos: maior disciplina na alocação de capital, entrada de acionistas de referência com horizonte de longo prazo e avanço na discussão sobre sucessão na Cosan, com Rubens Ometto permanecendo presidente do conselho pelos próximos seis anos.
Objetivo da capitalização
A Cosan informou que os recursos captados serão usados exclusivamente para reduzir sua alavancagem financeira. A companhia convocará uma assembleia de acionistas em outubro para aprovar o aumento do capital autorizado e a dispensa de oferta pública de aquisição de ações (OPA) pelos novos investidores.
Perspectivas
Apesar do tombo das ações no pregão, analistas consideram que a entrada de BTG e Perfin como sócios estratégicos, aliada ao compromisso de lock-up de longo prazo, pode fortalecer a governança e dar mais previsibilidade à execução da estratégia da companhia. Ainda assim, a magnitude da diluição e a escolha de conduzir a primeira oferta sem prioridade aos minoritários levantaram questionamentos sobre a equidade da transação.
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