A Bolsa brasileira tem uma empresa de IA para chamar de sua

A pauta da inteligência artificial, entremeada em Wall Street, também tem seu espaço na B3. A small cap brasileira Clearsale [CLSA3] desenvolve modelos de IA e os treina em grandes bases de dados acumuladas ao longo dos anos para aprimorar seus softwares de previsão de fraudes. 

Max Bohm, estrategista de investimentos da Nomos, vê boas oportunidades no ativo. Atualmente, afirma, a Clearsale consiste em uma “legítima empresa de tecnologia”, com profissionais de ponta e ciência do mais alto nível, “sendo uma das poucas no estado da arte negociadas na Bolsa brasileira”. 

Na análise do especialista, o presente momento é de inflexão nos resultados da companhia, cujas ações negociam descontadas. Ao mesmo tempo, a Clearsale é um possível alvo de aquisição em breve, “o que destravaria um grande valor”. 

O que faz a Clearsale

Fundada nos anos 2000 pelo ex-atleta olímpico Pedro Chiamulera, a empresa surgiu junto com o varejo digital – o qual, por sua vez, virou parte intrínseca do cotidiano dos brasileiros a partir da pandemia. 

Segundo estudo da Adyen junto ao Centro de Pesquisa Econômica e de Negócios (Cebr), o impacto das fraudes no varejo digital pode ter causado uma perda de R$ 8,5 milhões por empresa em 2023. O estudo também indica um crescimento anual de 70% no número de vítimas de ataques cibernéticos ou roubo de dados. 

A Clearsale nasceu justamente para combater tais crimes. A companhia, já em seus primórdios, lançou o primeiro software para análise de fraude em transações no Brasil.

A maior parte da receita da empresa vem atualmente do e-commerce, mas a ClearSale tem buscado crescer em outras frentes para diversificar suas receitas. Além disso, a companhia também opera no mercado internacional com soluções antifraude.

Performance das ações

A Clearsale abriu capital na B3 em 2021, com a ação CLSA3 sendo lançada a R$ 25 e captando cerca de R$ 600 milhões. A ação fechou cotada a R$ 6,73 nesta segunda-feira (27), uma desvalorização de 73% desde o IPO. 

Fruto de uma sequência de resultados mais fracos e do aumento da taxa Selic em 2021 e 2022, que tiveram efeitos adversos sobre o e-commerce, as ações da companhia ficaram entre as mais penalizadas da última grande safra de IPOs da B3, explicou Max. 

Ainda assim, a empresa continua com cerca de R$ 380 milhões em caixa líquido do dinheiro recebido no IPO. Tal demonstra, de certa forma, “a dificuldade em alocar esse capital em um mercado com poucas oportunidades de M&A, especialmente de empresas no estado da arte” como a Clearsale, prosseguiu o especialista.

Expectativas 

Em abril, circulou a notícia de uma intenção de incorporação da Clearsale pela Serasa. Segundo Max, seria “um acordo que faz todo sentido e abriria novas oportunidades de crescimento para a empresa”.

Todavia, apesar da euforia do anúncio, CLSA3 negocia reverteu boa parte de sua valorização entre abril e maio. Mudanças nas expectativas sobre a condução da política monetária pelo Federal Reserve abalaram o mercado de maneira negativa no período, prejudicando principalmente o desempenho de empresas de tecnologia, pondera o especialista. 

Apesar da performance, Max lembra que a Clearsale realizou no quarto trimestre de 2023 uma reestruturação que eliminou áreas menos sinérgicas, reduziu o número de funcionários e cortou custos, “preparando a companhia para uma retomada na geração de caixa e nos lucros”. 

A melhoria, comenta, já foi percebida no primeiro trimestre de 2024, que foi também o primeiro trimestre em que a empresa registrou geração de caixa desde o IPO. 

Assim, Max Bohm defende o momento atual como oportuno para investir em CLSA3, posto que, além do potencial acordo com a Serasa, a Clearsale realizou mudanças significativas em sua estrutura operacional. O especialista incluiu as ações da companhia em seu portfólio Max Small Caps, focada no lucro com ações de empresas menores.

 

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