Filadélfia fica atrás da maioria das principais cidades dos EUA na corrida para o retorno aos escritórios. Defensores do centro da cidade questionam os dados.
De acordo com uma pesquisa semanal, a maioria das pessoas que trabalham em escritório, tanto na Filadélfia quanto ao redor da cidade, continua trabalhando remotamente na maior parte do tempo.
De acordo com a Kastle Systems, uma empresa de segurança que monitora os crachás dos funcionários dentro e fora dos edifícios, só quem é da tecnologia do Vale do Silício vai menos aos escritórios em San Jose, na Califórnia, quando comparado com as taxas de uso desses espaços antes da pandemia.
A frequência na cidade de Nova York tem sido consistentemente superior a 45% este ano, enquanto o uso de escritórios em Dallas e Austin, no Texas, variou entre 50% e 65%.
O “Back to Work Barometer” da Kastle Systems mostra que a taxa de ocupação de escritórios de Filadélfia tem se mantido em torno de 40% nos últimos meses – e abaixo de 40% por algumas semanas do verão americano.
A Filadélfia, como muitas cidades dos EUA, tem se esforçado ao máximo para atrair pessoas de volta às áreas centrais. Entretanto, pesquisadores, funcionários da Filadélfia e profissionais imobiliários teorizam que a combinação do êxodo de quem trabalha em escritório, impostos e crime, resultou em mais espaços vazios no mercado atual do que durante a recessão de 2008.
O “Center City District”, um grupo de melhoria de negócios destinado a manter o centro da Filadélfia seguro e atraente, disse que seus dados demonstram a ocupação de escritórios aumentando constantemente para 57% até junho.
Paul Levy, diretor executivo do “Center City District”, explica que o grupo usa dados de sensores de rua e pings de localização de telefones móveis para monitorar o tráfego de pedestres em um trecho do centro da cidade com a maioria dos prédios de escritórios.
“Como organização, fizemos tudo o que podíamos para reativar”, disse Levy. No outono, o distrito distribuirá café grátis para as pessoas quando saírem dos trens da área.
Empresas menores tendem a ter as maiores taxas de retorno ao escritório, mas eles não usam a Kastle Systems para rastrear as passagens dos crachás e, portanto, estão ausentes de seus dados.
Segundo, Les Haggett, primeiro vice-presidente da CBRE com sede em Filadélfia, uma das maiores gerenciadoras de propriedades imobiliárias comerciais dos EUA, isso pode ajudar a explicar por que as taxas de ocupação parecem baixas.
A Kastle disse que sua contagem de ocupação de escritórios de Filadélfia é feita a partir de mais de 200 edifícios na cidade e seus subúrbios, incluindo alguns mais distantes, como Wilmington, Delaware.
Também ausente nos dados da Kastle está a empresa Comcast, que tem sede na Filadélfia e é um dos maiores empregadores do setor privado na cidade. Atualmente, a Comcast exige três dias por semana no escritório para seus 8.000 funcionários. Na semana passada, um passeio pelo escritório mostrou que o ambiente estava tranquilo durante a temporada de férias de verão em agosto.
A Comcast disse que seus funcionários terão um dia presencial extra por semana neste outono.
Watson deixou claro que alguns trabalhos fora do escritório, incluindo viagens de negócios, reuniões externas, chamadas de vendas e outras visitas em que os trabalhadores interagem com colegas ou clientes pessoalmente, serão considerados dias de trabalho no escritório.
Mark Zandi, economista-chefe da empresa de inteligência financeira Moody’s Analytics e nativo de Filadélfia, explica que, ao contrário de muitas das principais cidades dos EUA, a Filadélfia cobra um imposto sobre os salários ganhos, além de ter subúrbios atraentes, o que motiva a distância dos funcionários.
Mais de 317.000 pessoas saíram do núcleo urbano da Filadélfia entre março de 2020 e junho de 2023, segundo a Moody’s.
O imposto sobre salários da Filadélfia é de 3,75% para residentes empregados e de 3,44% para trabalhadores não residentes na cidade. Residentes que encontraram empregos remotos e moradores de subúrbios que não vêm trabalhar na cidade não precisam pagar.
Antes da pandemia, ele trabalhava em um escritório no centro da cidade. Uma ida recente ao local o fez lembrar da vida “normal” pré-pandêmica, com a movimentação nos restaurantes e lojas, disse ele.
Embora Beyer diga que sente falta da atmosfera animada do centro da cidade e de ler nas viagens de trem de ida e volta para o escritório, ele está feliz por não pagar o imposto sobre salários de não residentes agora que trabalha para uma empresa sediada em Utah.
“Ser taxado a mais para ir trabalhar é um saco”, disse Beyer. “Eu gosto do meu trajeto agora. Vou para o quarto ao lado, no final do corredor.”
Para Janine Cima, diretora de vendas do City Tap House Logan Square, um bar esportivo central, as percepções de crime na cidade também podem pesar na disposição dos trabalhadores em voltar ao centro, embora os clientes estejam retornando lentamente, as vendas ainda não se recuperaram completamente. “Acho que muitas pessoas têm medo de vir para o centro da cidade”, disse ela.
Neste ano, crimes violentos incluindo homicídios, estupro, roubo e agressão, aumentaram em 3% em comparação com o mesmo período em 2019, e o crime patrimonial, incluindo roubo e arrombamentos de automóveis, aumentou mais de 65% no mesmo período.
Samir Patel, um contador de uma organização sem fins lucrativos em Filadélfia, disse que reluta para pegar o trem de Bensalem, um subúrbio, cinco dias por semana. Ele diz que a maioria de seus colegas está trabalhando remotamente, mas seu trabalho exige que ele trabalhe com papéis físicos pessoalmente.
“Eu odeio isso”, conclui o contador.
(Com The Wall Street Journal)