“Hi, Barbie”: A Mattel em Wall Street após o filme mais pink do século

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Barbie pode ser a boneca mais famosa do mundo há décadas, mas seu nome nunca foi dito com tanta frequência como nos últimos meses. Especialmente nesta semana, diante da estreia do filme homônimo, dirigido por Greta Gerwig e protagonizado por Margot Robbie e Ryan Gosling como Barbie e Ken.

O longa já era um sucesso comercial muito antes de chegar aos cinemas, dada a imensa estrutura de marketing construída em torno do lançamento. A Mattel, empresa-mãe da Barbie, fechou colaborações com mais de 100 marcas mundo afora para comercialização de produtos licenciados.

A Mattel quer que “todos brinquem com a Barbie”, declarou o presidente e diretor de operações da companhia, Richard Dickinson, “e isso não necessariamente significa brincar com uma boneca”.

Para os acionistas da Mattel, a tendência Barbiecore de fato tem sido muito divertida.

Negociadas na Nasdaq com o ticker MAT, as ações da Mattel acumulam 20,5% alta de junho para cá, marcando em julho a máxima de 2023. Grandes players como Goldman Sachs, JP Morgan e o banco Jefferies tem recomendação equivalente a “compra” para os papéis.

A fabricante de brinquedos não tem listagem de BDRs no Brasil. Entretanto, investidores brasileiros podem comprar ações da companhia através de contas internacionais, oferecidas por corretoras como a XP Investimentos.

Recomendações de MAT até 21 de julho de 2023. [Fonte: Bloomberg]

O mercado prefere as loiras?

Assim como a turnê mundial da estrela pop Taylor Swift – que pode se tornar a primeira no mundo a arrecadar R$ 1 bilhão – impactou a economia dos EUA de modo a ser descrita no Livro Bege do Fed como catalisadora da aceleração no mercado hoteleiro, “Barbie” deixou a carteira de investidores da Mattel mais cor-de-rosa.

Coincidentemente ou não, o filme da Barbie estreou menos de uma semana antes do relatório do segundo trimestre da Mattel, previsto para a próxima quarta-feira, dia 26.

De acordo com a Bloomberg, o lançamento do filme provavelmente ficará no topo dos geradores de lucro no período, independentemente do desempenho do longa nas bilheterias.

Cotação das ações da Mattel de janeiro a julho de 2023. [Fonte: Bloomberg]

“As dificuldades de receita e lucro da Mattel provavelmente se estenderam no segundo trimestre, mas o filme, além da renda proveniente de mercadorias ou vendas de brinquedos relacionados, poderia abrir a porta para resultados melhores do que o esperado”, escreveu a analista Lindsay Dutch em relatório.

“Life on plastic, it’s fantastic”

Criada por Ruth Handler em 1959, a Barbie tem um histórico de dominação dentro do mercado de bonecas, sendo uma das maiores marcas da Mattel – posição que busca fortalecer com o filme, após uma queda nas vendas e lucros no primeiro trimestre.

As vendas da Mattel aprofundaram queda no 1T23, mas o período pode ter marcado o período mais baixo na performance da empresa, para a qual a Bloomberg projeta melhoria nos resultados a partir do segundo trimestre.

A Mattel projeta expansão na margem bruta neste ano, a uma média de 47%, o que também implica ganhos expressivos em relação aos 40% do 1T23, que foi o mais baixo desde o segundo trimestre de 2019. “Esperamos que a melhoria seja mais pronunciada no segundo semestre”, completa Lindsay Dutch.

A companhia espera um impulso nas vendas globais de bonecas Barbie, que declinaram no ano passado após um crescimento recordo durante a pandemia.

Vendas de bonecas da Mattel desde 2011. Marcos: lançamento das bonecas do filme “Frozen”, em 2014, linha de bonecas de diferentes biotipos em 2016, linha de bonecos do grupo de k-pop “BTS em 2020 e recorde de vendas em 2021. [Fonte: Reuters]

“Sou a Barbie Girl”

No Brasil, lojas de departamento como a Renner [LREN3], C&A [CEAB3] e Riachuelo [GUAR3] são destaques quando o assunto é Barbie – junto ao Burger King [BKBR3] e companhias não listadas na B3, como a gaúcha Picadilly e a estrangeira Zara.  

Para os analistas da XP Investimentos, as campanhas podem contribuir para a melhora de fluxo das varejistas, “mas não deve ser suficiente para ter um efeito material nos resultados, uma vez que essas coleções tendem a ser pouco representativas dentro do sortimento”.

É difícil estimar os impactos da onda pink sobre as empresas, trouxe a corretora em relatório, dada a pouca relevância nas operações totais em termos de volume. “Para ser mais material, o fenômeno teria que levar a uma venda cruzada relevante – o que não parece ser o caso”.

Situação semelhante deve acontecer com os shoppings, nos quais se enquadram Multiplan [MULT3], Iguatemi [IGTI11] e Aliansce Sonae [ALSO3], que devem se beneficiar do aumento da receita com estacionamentos – as quais constituem cerca de 30% do total para os shoppings.

O fluxo, apesar de positivo, tampouco deve resultar em impacto explosivo nos balanços operacionais das empresas.

 

(Com informaçoes da Bloomberg, Reuters e Wall Street Journal)

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