A estratégia do X foi confiar menos em algoritmos e mais em pessoas

Por Beto Saadia

 

Um retweet ou citação de um tweet produz um processo de seleção eficaz no feed do X.

Uma piada ou argumento que acerte no alvo do tema rapidamente desencadeia retuítes — fazendo a mensagem viralizar.

Óbvio que o X também usa algoritmos no ranqueamento, mas eles são subordinados às dinâmicas de grupo por humanos, como uma busca pela sabedoria das multidões. O X reorganiza as mensagens em sua linha do tempo para priorizar as mais engajadas. O resultado disso tudo é a sensação de uma conversa compartilhada em escala.

O efeito colateral dessa estratégia é amplificar mensagens emocionalmente carregadas, já que elas são mais compartilhadas.

Aqui entram a raiva, cancelamento, ideologia. Isso não significa que toda mensagem viral seja tóxica.

O X é como um bar, tarde da noite, todo mundo bêbado. Às vezes sai porrada. E mesmo que o Musk tenha dado uma estragada na plataforma, cobrando entrada e consumação mínima (não esqueçamos que aquilo nunca deu dinheiro), o X ainda é a plataforma mais rápida em capturar a vibe do momento.

O Threads é o chá da tarde de senhoras contando a conquista dos netos.

O resultado do Threads é um “espaço menos raivoso para conversas” – disse Mosseri, executivo da Meta.

Agora, eu escrevendo: a maneira da Meta escapar do embate raivoso é ficando longe da curadoria baseada em retransmissão e controlando para si o manche dos temas. O Thread criou uma experiência mais publicitária e entediante.

O algoritmo do Thread é afiado em prever o desejo individual do usuário, o mesmo que ele faz quando descobre que você quer comprar um sapato.

Mas esse mesmo algoritmo do Thread que prevê o futuro da preferência individual não captura o espírito do comportamento coletivo do X.

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