A inflação americana a favor do investidor brasileiro

Fonte: Shutterstock

Os Estados Unidos vêm aumentando sua taxa de juros desde março, quando ocorreu a primeiro alta desde 2018. O movimento não parou desde então, e a expectativa do mercado não prevê algo diferente. A mediana indica que a perspectiva é de que o Federal Reserve (Fed) suba os juros em 0,75 p.p. na próxima reunião, em novembro, chegando à taxa de 4%.

Tal decisão, caso se concretize, haverá diversos reflexos na economia do Brasil, esclarece Marco Ferrini, analista de macroeconomia da Benndorf Research, entre eles a desvalorização do real frente ao dólar, o encarecimento da dívida externa brasileira e o aumento dos prêmios de risco e custos de produção através da inflação importada.

Marco ainda menciona a fuga de capital para território americano como um dos possíveis efeitos, visto que o risco político e o risco de crédito são bem menores por lá.

Estimativas do mercado para próxima decisão da taxa de juros dos EUA (Fonte: Bloomberg)

Apesar dos impactos, Marco afirma que o Banco Central do Brasil se posicionou muito bem frente ao cenário de desaceleração mundial e inflação elevada. O BC deu início ao ciclo de alta dos juros com bastante antecedência, estando agora no final da curva de juros e com deflação nos últimos três meses, “enquanto os países desenvolvidos ainda precisarão promover novas altas em suas taxas básicas para conter a inflação persistente”, disse.

A Benndorf Research aposta que o Fed deve promover novas altas nos juros até meados do primeiro trimestre de 2023, ao passo que a Selic deve ficar estável no patamar atual, de 13,75%.

Onde investir?

Em momentos de forte inflação, é importante identificar que ativos possuem menor influência negativa do exterior. “A bolsa como um todo é prejudicada em função da fuga de capital para os EUA, mas, entre os setores, se destacam os de tecnologia, telecomunicações e serviços públicos, que possuem alta alavancagem”, afirma o analista. 

Contudo, o maior beneficiado entre todos é o mercado financeiro, aponta Marco, devido às margens de lucro maiores. Outras opções em cenários de juros altos e economia em desaceleração, complementa ele, são ramos “mais defensivos” e que possuem “demanda inelástica”, como o setor elétrico, de saneamento e alimentos.

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