O Bitcoin desvaloriza até em torno de 7% nesta terça-feira (05), negociado entre US$ 62 mil e US$ 64 mil. Antes de recuar violentamente, entretanto, a criptomoeda chegou a negociar nas máximas históricas pela manhã, na faixa dos US$ 69 mil, repetindo o otimismo da véspera – e dos últimos seis meses.
Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset, confirma o atingimento da máxima. Mesmo a cotação do Bitcoin não sendo exata – dada a descentralização da moeda e a ausência de referência fixa como a das bolsas tradicionais –, “as principais exchanges têm cotações muito parecidas”, devido aos altos volumes transacionados atualmente.

Por que o Bitcoin tem subido tanto?
Fevereiro foi um mês de fortíssima valorização, assente Renato Campos, diretor de RI da Hashdex. O lançamento dos ETFs de BTC à vista nos EUA e o halving de abril são os dois fatores que trazem o primeiro e principal criptoativo do mundo ao que já tem sido chamado de “primavera cripto”.
A captação dos ETFs no mercado americano já ultrapassa os US$ 6 bilhões, em valores líquidos. Assim, foi consequência o Bitcoin superar o nível dos US$ 60 mil pela primeira vez desde novembro de 2021. Nas últimas semanas, a captação líquida foi superior a US$ 500 milhões, equivalente a uma quantidade de moedas cerca de 10 vezes maior que o minerado por dia, segundo Theodoro Fleury.
Apesar da reversão de hoje, o salto do BTC ainda não terminou. A proximidade do halving historicamente precede uma apreciação ainda maior do preço do Bitcoin, explica o especialista da Hashdex.

Sobe no boato e no fato também
No passado, foi o halving que precedeu a superação de máximas históricas do BTC. Historicamente a maior parte da valorização vem justamente no período de até 12 meses após o evento, destaca Theodoro.
Este ano a criptomoeda subiu mais antes do halving comparado aos ciclos anteriores, mas a QR não vê motivo para uma completa mudança do padrão.
Todavia, pondera Renato, não necessariamente o novo recorde virá sem intercorrências – como a desvalorização de hoje, que torna difícil afirmar categoricamente a continuidade da alta da criptomoeda em março.
“É claro que alguma correção é até esperada antes do halving”, haja vista o salto de 45% apenas em fevereiro, “mas acreditamos em altas maiores até o fim do ano”, concorda Theodoro. Semelhantemente, a Hashdex sobrepassa oscilações pontuais e afirma otimismo para 2024, apoiando-se no histórico dos halvings anteriores e na repercussão dos novos ETFs.
Levando em conta o iminente halving, com a quantidade de novos Bitcoins minerados diariamente caindo pela metade, o fluxo de negociação da cripto poderia chegar a 20 vezes o total minerado caso a média de captação dos ETFs se mantenha.
Theodoro resume o cenário: “temos um quadro de excesso de demanda, com uma oferta cada vez mais restrita”.