As ações dos frigoríficos amargam perdas em bloco nesta terça-feira (04). Mas, após a valorização expressiva de boa parte do setor em maio, a queda de hoje é boa notícia, segundo o analista técnico Filipe Borges, principalmente em relação à Marfrig [MRFG3].
As ações da companhia de Marcos Molina são as que mais chamam a atenção do analista no segmento de proteína animal. Filipe também comentou o desempenho da BRF [BRFS3] e da JBS [JBSS3], que ainda se mantêm “em uma boa tendência de alta”.
Todavia, a Marfrig ganha destaque do ponto de vista da relação risco-ganho – a proporção do tamanho do stop para o objetivo que a movimentação gráfica oferece, explica o especialista.
Segundo Filipe, MRFG3 traçou “excelente movimentação de alta” e aponta agora para “uma ótima correção”, que vem de forma lenta e com pouco volume vendedor.
O analista espera correção entre R$ 11,20 até cerca de R$ 10,80 para uma nova operação na ponta compradora, cujo alvo seriam inicialmente R$ 12,15. Uma vez rompida a antiga resistência dos R$ 13, Filipe tem R$ 14,90 por alvo final da operação.
Se Marfrig é destaque no gráfico, JBS [JBSS3] saiu como campeã de valorização mensal em maio no Ibovespa, com 23% de ganho. As duas, junto à BRF [BRFS3], ficaram entre as cinco maiores altas do índice no mês. “As empresas do setor de carnes ganharam impulso nos últimos meses”, comentaram os analistas da Investing.com.
De fato, as ações das três companhias acumulam ganhos de dois dígitos em 2024, enquanto o Ibovespa soma em torno de 9% de queda no ano. O desempenho de maio, especificamente, deve-se muito à surpresa positiva com os balanços trimestrais.
As três empresas divulgaram resultados acima do esperado para o primeiro trimestre, disse João Abdouni, analista da Levante Inside Corp. A tendência no geral é positiva, principalmente para a divisão de ovinos e suínos.
Enquanto a JBS foi alavancada com perspectivas mais favoráveis, um dos destaques mencionados em relatório do Santander, na BRF, o ponto mais alto foi o processo de reestruturação. Há expectativa de melhorias nas margens da empresa, e o Bank of America (BofA) chegou a elevar a recomendação da companhia de underperform para neutra no mês passado.
A Marfrig, que possui fatia superior a 50% na BRF, seguiu na mesma linha, ainda que o mercado de carne bovina americano siga impactando os indicadores, completou o time da Investing.
Para os próximos meses, a tendência é positiva – contrariando os maus ventos sobre os frigoríficos no ano passado, quando interrupções da exportação para a China e a gripe aviária assombraram o setor.
Agora, a perspectiva é de “alguma recuperação na proteína animal na América do Norte, onde as margens seguem pressionadas, enquanto nas divisões de América do Sul e Austrália os números devem seguir favoráveis pelas companhias ao menos no curto prazo”, descreveu Abdouni.
A preferida da Levante é a JBS, cuja principal operação de proteína animal bovina fica nos EUA e tem “bom potencial de destravamento de valor para os próximos 12 a 18 meses”.
Em meio a essa recuperação dos frigoríficos, a Minerva [BEEF3] ficou “esquecida no churrasco”. As ações subiram apenas 1,31% em maio, acumulando quase 17% de queda no ano. A companhia encerrou o mês em busca de aprovação do governo do Uruguai para a compra de unidades da Marfrig. Segundo Filipe Borges, as ações não apresentam nenhuma oportunidade de compra no momento.