Alerta no Agronegócio: inadimplência do setor dobra e pressiona Banco do Brasil [BBAS3]

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O Banco do Brasil [BBAS3] pode enfrentar um segundo trimestre de 2025 ainda mais desafiador do que o esperado pelo mercado, impulsionado por um agravamento expressivo da inadimplência no agronegócio. Análise recente do JP Morgan indica que a formação de novos créditos problemáticos no setor pode dobrar em relação ao primeiro trimestre deste ano, resultando em um aumento significativo nas provisões bancárias.

Os dados do Banco Central do Brasil (BCB) mostram que a inadimplência inicial (atrasos de 15 a 90 dias) nos empréstimos do agronegócio dobrou em apenas dois meses, saltando de 2,6% em março para 5,2% em maio. Esse cenário é particularmente crítico nos créditos com taxas de mercado para produtores rurais, que representam cerca de 40% do total do crédito do agro e registraram uma piora de 180 pontos-base em maio, alcançando 5,2%.

A instituição financeira projeta que as provisões para o agronegócio do Banco do Brasil podem aumentar em cerca de 20% no trimestre, atingindo aproximadamente R$ 6 bilhões, contra os R$ 5 bilhões do trimestre anterior. Se considerados os fluxos de provisão para pessoas físicas e empresas, as provisões brutas totais podem chegar a R$ 12 bilhões. Diante desse quadro, o JP Morgan revisou suas projeções, estimando um lucro líquido de R$ 4,9 bilhões para o BBAS no 2T25, uma queda de 19% frente à estimativa anterior e 15% abaixo do consenso de mercado.

Impacto da inadimplência: o elo entre os atrasos e as provisões

A principal preocupação do JP Morgan reside na migração dos empréstimos com mais de 30 dias de atraso do Estágio 1 (com menor provisão) para o Estágio 2 (com provisão média de 25%). Caso a inadimplência de 15 a 90 dias evolua para atrasos superiores a 90 dias (NPL), o que pode acontecer no 3T25, os empréstimos poderão ser reclassificados para o Estágio 3, exigindo provisões ainda maiores, com média de 70%.

Historicamente, o Banco do Brasil tem representado de 60% a 70% da inadimplência inicial do setor, superando sua participação de mercado de cerca de 50%. Essa proporção indica que a instituição está enfrentando uma deterioração mais acentuada que seus pares. Com base nessa tendência, o JP Morgan estima que o saldo de inadimplência de 15 a 90 dias no BBAS pode mais que dobrar no trimestre, saltando de R$ 6,5 bilhões no 1T25 para cerca de R$ 15,5 bilhões no 2T25.

Projeções e recomendações: ajustes à vista para o Banco do Brasil

Considerando a aceleração da inadimplência inicial, o JP Morgan estima que o BBAS precise provisionar cerca de R$ 2 bilhões apenas por esse fator. Somando provisões adicionais por inadimplência acima de 90 dias e baixas contábeis, as provisões para o agronegócio podem ultrapassar R$ 6 bilhões. Incluindo as provisões para pessoa física e jurídica, o total pode chegar a R$ 12 bilhões em provisões brutas neste trimestre. De forma mais conservadora, o relatório projeta R$ 13 bilhões em provisões líquidas para o 2T25, um aumento de 30% em relação ao 1T25.

A análise ressalta que os empréstimos com taxas de mercado, que hoje representam quase 40% do total do agronegócio e têm taxas médias mais altas (17,4% ao ano em maio), são os mais críticos, aumentando a exposição dos produtores ao ciclo de juros.

Com as novas projeções, o JP Morgan ajusta o lucro do BBAS para 2025 para R$ 25 bilhões, uma redução de 8% em relação à previsão anterior e 9% abaixo do consenso. Isso implica que a ação do BBAS negocia a 4,7x o lucro estimado para 2025 e 3,9x para 2026. Apesar da ação já refletir parte do cenário desafiador e o banco ter capacidade para mitigar pressões de capital, o JP Morgan mantém sua recomendação neutra para o BBAS, pois acredita que o consenso de mercado ainda precisa ajustar suas estimativas.

Para o longo prazo, a instituição financeira estabelece um preço-alvo de R$ 26,00 por ação para dezembro de 2026, indicando um potencial de valorização de 24,40% em relação ao último fechamento (15 de julho), com o retorno sobre o patrimônio (ROE) projetado para retornar gradualmente a cerca de 16,5% à medida que o ciclo de crédito do agronegócio se normalize.

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