Alta de 0,75 ponto na Selic já é o cenário mais provável na próxima reunião do Copom

por Beto Saadia

 

Em meio a um ambiente nada propício para alívio no IPCA, as expectativas para alta na inflação são quase palpáveis. Tanto a eleição de Donald Trump, quanto o cenário fiscal no Brasil e o movimento no setor de alimentos corroboram com a espera de alta. A grande esperança residia no pacote de gastos, o que parece já não ser mais suficiente.

Por conta disso, o mercado já opera com nova aceleração da Selic na próxima reunião do Copom, o ritmo de 0,25 ponto deve ser alterado para 0,75 ponto, como ilustra o gráfico abaixo, com uma taxa de 13,25% no fim do ciclo.

Expectativas

As expectativas de inflação influenciam diretamente as decisões de política monetária. O Banco Central do Brasil, por exemplo, utiliza a pesquisa Focus, que coleta dados de economistas e analistas financeiros. Apesar de críticas sobre possíveis vieses pessimistas entre agentes do mercado financeiro, os dados são agora complementados com o novo relatório Firmus, que reflete expectativas de empresas.

Só no Boletim Focus a mediana do relatório para o IPCA de 2024 já subiu por sete semanas consecutivas, assim como as expectativas para 2025.

Fiscal

O impulso fiscal sobre a economia brasileira foi significativo. O ano de 2024, por exemplo, registrou um impulso de 2% do PIB no primeiro semestre, funcionando como um acelerador, contribuindo para o crescimento econômico, mas que num cenário de desemprego baixo, pressiona a inflação.

Para 2025, espera-se ajustes, com um freio fiscal projetado em -2% do PIB no primeiro semestre. Esse movimento pode recompor a confiança do mercado e aliviar a inflação.

O ideal seria que a política fiscal atuasse como estímulo em momentos de necessidade. No entanto, esse não foi o cenário deste ano. Estimular a economia já aquecida intensifica a inflação.

Trump

O cenário externo também joga mais gasolina nos nossos juros, especialmente com a expectativa de juros mais elevados nos Estados Unidos.
As políticas econômicas divulgadas em campanha pelo eleito Presidente Donald Trump, especialmente em relação à imigração, tarifas comerciais e desoneração ampliam as expectativas de inflação nos EUA e projetam juros mais altos por lá.

Alimentos

Nas proteínas, a escalada de preços continua, com novas máximas do ano tanto no boi gordo, como no suíno e no frango . Aqui, o impacto do dólar alto se faz presente. A demanda externa por proteínas combinado a demanda interna muito forte por conta da economia pressionam os preços. O Boi gordo negocia cada vez mais próximo do último recorde histórico de preços, R$350/@ em março de 2022 caminhando para uma alta no ano de quase 40% no ano de 2024.

Preço do Boi Gordo

 

O texto trata apenas da opinião do autor e não necessariamente reflete a opinião institucional da Nomos Investimentos ou do TradeNews.

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