Alta no preço do arroz traz perspectivas positivas para Camil [CAML3], explicam analistas

A ação da Camil [CAML3] fechou em alta de 5,81% no pregão de hoje, após o JP Morgan elevar a recomendação da empresa de neutra para overweight — isto é, equivalente a compra. 

Segundo o banco, a companhia está bem posicionada para aproveitar a alta no preço do arroz em um período de alta rotatividade. A instituição também atribuiu preço-alvo de R$ 11,00, mais de 30% superior ao fechamento de ontem (29).

A analista de varejo da Levante, Carol Sanchez, explica que o arroz segue sendo o produto mais relevante para a empresa, com peso de 25% do faturamento da Camil, apesar da diversificação de seu portfólio ao longo do tempo.

Além disso, ela indica que os efeitos do fenômeno do El Niño para os maiores produtores mundiais da commodity e a recente pausa na exportação de arroz na Índia contribuíram para o aumento do preço do grão.

Recomendação para CAML3

O analista técnico da Benndorf Research Filipe Borges afirma que o ativo encontra-se em forte tendência de alta nos últimos dias, acumulando mais de 10% de alta nos pregões recentes.

Segundo ele, o papel tem alvo na região de R$ 9,60 por expansão de Fibonacci, mas, caso o ativo siga com a força que vem apresentando nos últimos dias, o alvo seria na região dos R$ 10,60. 

“Para compras agora não veja uma boa oportunidade, por não apresentar uma boa gestão de risco no ativo”, sinalizou.

Caso o investidor já esteja comprado, ele indica stop abaixo de R$ 8,72 para garantia de lucro no trade. Após isso, na região de R$ 9,60, o analista sugere que o operador saia de metade da posição e tente carregar o restante do papel até os R$ 10,60.

Desempenho de CAML3. [Fonte: TradingView/Filipe Borges]

Setor de grãos em alta?

Para Carol, a perspectiva positiva se estende para outras empresas do setor de grãos. 

“O impacto positivo do El Niño para grãos como o arroz e o milho deve contribuir para o aumento da produção [e] acaba refletindo no aumento de volume de grãos recebido por empresas como AgroGalaxy [AGXY3], Boa Safra [SOJA3], Brasil Agro [AGRO3] e Kepler Weber [KEPL3], por exemplo”, afirmou.

Ela também reforça que a grande demanda apresentada na última safra e os gargalos de recebimento e depósito de grãos podem impulsionar as cooperativas e cerealistas a investirem em armazenamento em novas unidades, assim como na expansão de obras existentes.

Já para Matheus de Moraes, analista de Agro da Eleven, a visão não é tão otimista para outras empresas do setor de grãos. Segundo ele, estas companhias negociam, majoritariamente, soja e milho – commodities que não vêm performando tão bem no ano.

“Sem contar que os insumos da safra que está sendo negociada no momento foram adquiridos com preços muito altos devido ao receio de desabastecimento que a guerra entre Rússia e Ucrânia causou”, completou.

Futuro do setor

Matheus acredita que o ano terá margens mais apertadas, por conta de safras fortes por aqui e nos EUA, aumentando a oferta e pressionando o preço dos grãos.

Carol explica que em publicação recente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no 10º Levantamento (Safra 2022/23) registrou-se um aumento da estimativa de área plantada e do volume estimado de produção.

Apesar disso, ela indica que a Conab ainda não divulgou as estimativas para a Safra 2023/24 – prevista para outubro –, mas afirmou que espera que o movimento “faça bastante preço nas empresas do setor de grãos”.

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