As ações da Marisa [AMAR3] fecharam em queda de 6,19%, a R$ 1,06, na sessão desta quarta-feira (08).
Investidores reagiram ao comunicado de renúncia do diretor presidente, Adalberto Pereira dos Santos. O atual vice-presidente comercial e executivo, Alberto Kohn de Penhas, assumirá o comando interino da Marisa.
O membro do conselho de administração Marcelo Adriano Casarin também renunciou ao cargo.
Além disso, a empresa informou que contratou a BR Partners e a Galeazzi Associados, visando dar prosseguimento a seu processo de reestruturação.
A Marisa anunciou na manhã da quarta-feira a renegociação do seu passivo, o que escancarou a escassez nas linhas de crédito para o setor. Segundo o Estadão, o caso Americanas abalou a confiança e capacidade de crédito de contrapartes.
Entenda mais
Apesar das semelhanças com o caso Americanas, a analista de varejo da Levante, Carol Sanchez, aponta diferenças importantes entre os dois casos.
“Diferentemente da Americanas, que a gente tinha ali dados de balanço muito maquiados, então você tinha aparentemente um desempenho, a empresa vinha melhorando as operações, no caso da Marisa, a gente vê o contrário”, Carol analisou.
“Ela [Marisa] hoje tem um valor de mercado de R$ 366 milhões; ontem tinha fechado a R$ 387 milhões, então já está caindo bastante […]. É um valor pequeno, perto da dívida líquida que ela tem ali”, expôs a analista.
Como o investidor pode proceder?
Desde o final de 2020 a empresa já mostrava dificuldades operacionais, e a cada trimestre apresentou resultados muito abaixo do esperado, segundo Carol Sanchez. A analista indica que “em 2020 as ações acumularam perda de mais de 90%”.
A partir disso, de acordo com Carol, a Levante passou sua recomendação para “neutro” em relação à AMAR3 e continua mantendo a mesma indicação diante da queda do índice da empresa.
Relativo ao curto prazo, Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research, aponta para a manutenção do baixo deslocamento para AMAR3, tanto no gráfico diário, quanto no semanal.
Ainda de acordo com o analista, “um aumento de volume nessas vendas […] aumenta a probabilidade de o ativo continuar caindo”.
No curto prazo, Felipe diz ser complicada uma entrada agora, por gestão de risco, já que o stop ficaria muito longo em uma operação como essa.
“Mas, para quem quer uma operação de venda, a venda seria a R$ 1,05, com stop e uma proteção dessa perda a R$ 1,35, e o alvo final a R$ 0,50”, completou o analista.
Para quem está comprado, Felipe conclui que “graficamente não faz sentido ficar posicionado nesse ativo abaixo de R$ 1,05, porque pode aumentar a pressão vendedora e velocidade de venda, causando um pânico por parte dos comprados e levando o ativo a quedas bem importantes”.
O que o futuro guarda para Marisa
Carol entende que a reestruturação da dívida da empresa não deve ser tão desesperadora quanto a da Americanas, por ser mais previsível.
A analista elucida a possibilidade de venda da Marisa para uma concorrente. O mesmo pode acontecer com outras companhias do mesmo setor, como C&A [CEAB3] e Guararapes [GUAR3] , as quais também vêm enfrentando as mesmas dificuldades.