As ações da Gafisa [GFSA3] despencaram 18,81% nesta segunda-feira (18), terminando o pregão a R$ 7,71 – abaixo da mínima do dia, de 19,85%, a R$ 7,61. O movimento sucedeu à decisão da CVM de suspender a AGE convocada pelo fundo Esh Theta para hoje.
A assembleia, convocada pelo fundo de Vladimir Timerman em janeiro, discutiria a troca da administração da Gafisa. A CVM entendeu que a Gafisa já havia atendido ao pleito do Esh Theta ao convocar uma assembleia para 26 de abril.
O episódio é mais um na briga que se desenrola desde 2022 entre a Esh e o empresário Nelson Tanure – acusado pela gestora de deter maior fatia na empresa que o declarado.
Em 11 de março, saiu o anúncio de que Esh aumentou a participação na Gafisa para 20% do capital social total. A asset informou à Gafisa que “a aquisição objetiva alterar a estrutura administrativa da companhia”. As ações saltaram 18% no dia.
O TradeNews entrou em contato com Vladimir Timerman e a assessoria da Gafisa, mas não houve resposta até o momento da publicação da reportagem. O espaço segue aberto para comentários.

No lado fundamentalista, praticamente não há casas de análise cobrindo Gafisa. O desinteresse vem desde 2020, quando ainda havia cobertura do Credit Suisse, Santander e Bradesco BBI – todos com recomendação de venda.
Segundo João Tonello, analista da Benndorf Research, o receio quanto aos passos que a companhia pode tomar para evitar dívidas, e incertezas quanto ao processo de recuperação judicial afastam analistas da tese.
“É um caso muito afundado pra falar sobre, é chutar cachorro morto”, opinou o analista.
Adicionalmente, ele aponta um cenário de operação ruim, com margens igualmente negativas. “Não acreditamos financeiramente na recuperação”, analisa.

O analista técnico Filipe Borges, da Benndorf Research, comenta que GFSA3 tem apresentado forte volatilidade desde o início do ano, tanto para cima quanto para baixo. Nesse momento as ações encontram-se em consolidação no gráfico semanal, com suporte “bem montado” em R$ 5,00 e resistência nos R$ 11,84.
“Do ponto de vista da análise técnica, não há movimentos tão claros e [as ações] vêm apresentando stops muito altos nessas operações em função da alta volatilidade intradiária”. Assim, não há recomendação de compra ou venda no ativo nesse momento. “Fico de fora por enquanto”, expõe.
Para novas compras, ele recomenda observar movimentações de topos e fundos ascendentes e um fechamento acima dos R$ 11,85, ou topos. Igualmente, deve-se aguardar a formação de fundos descendentes e perda do suporte com aumento de volume nos R$ 5,00 para operações na ponta vendedora.