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O presidente da Anatel, Carlos Baigorri, afirmou na quinta-feira (21) que, se liminares judiciais que suspendem obrigações para oferta de roaming a concorrentes por parte de TIM (TIMS3), Telefônica Brasil (VIVT3) e Claro não forem revertidas, a agência poderá buscar desfazer a venda da Oi Móvel para as três companhias.
Em entrevista à Reuters, Baigorri afirmou que as três operadoras estão tentando impedir a concorrência no mercado ao interromperem na Justiça o processo de oferta de roaming, que foi definido como contrapartida à venda da Oi Móvel.
As três empresas adquiriram com uma oferta conjunta de 16,5 bilhões de reais os negócios de rede móvel da Oi (OIBR3) no país. A transação foi concluída neste ano após receber aval da própria Anatel e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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A venda da rede celular é uma das principais peças do plano de recuperação judicial da Oi, um dos maiores e mais longos processos do tipo no país nos últimos anos.
O negócio envolvendo a venda da rede móvel da Oi foi condicionado a certos remédios. Um deles era oferta de serviços de roaming por cada uma das três operadoras a outras empresas do setor, de modo a permitir que companhias menores possam atender seus próprios clientes.
Baigorri afirmou, porém, que Claro, TIM e Telefônica Brasil, dona da Vivo, conseguiram liminares paralelas na Justiça contra a modelagem definida pela Anatel para a oferta de roamings – que define os valores a serem pagos pelas empresas contratantes- o que, na prática, interrompeu o processo até o julgamento dos méritos, segundo ele.
“São diversas operações que aprovamos e nunca tivemos esse tipo de comportamento por parte dos operadoras, foi uma surpresa desagradável para nós”, disse Baigorri, em entrevista à Reuters nesta quinta-feira.
O roaming é serviço de telefonia para usuários que estão em áreas onde sua operadora original não possui atuação, como, por exemplo, no caso de uma viagem.
“O foco total (da Anatel) é derrubar as liminares. E, num segundo momento, outras medidas podem ser tomadas. A operação (venda da Oi Móvel) já foi concretizada, mas pode ser revista”, disse ele.
Baigorri acrescentou que há estudos na Anatel sobre a possibilidade legal da autarquia desfazer o bilionário negócio, já que seria algo “inédito” para o órgão, mas destacou que outra alternativa seria o Cade, que já tomou medidas semelhantes.
O presidente da Anatel disse que os recursos às liminares serão apresentados semana que vem pela Procuradoria Federal Especializada ligada à Anatel e que irá despachar “pessoalmente” com os magistrados.
Em nota, a TIM disse que “em momento nenhum se opôs aos remédios”, mas sim ao fato dos valores fixados pela Anatel para oferta do roaming terem sido “totalmente descolados da realidade operacional”.
A TIM afirmou ainda “que nenhuma empresa regulada pode ser obrigada a fixar preços abaixo dos seus próprios custos, pois assim eles acabam se tornando subsídios insustentáveis que prejudicam a própria competição no setor”.
A Telefônica Brasil não comentou o assunto e a Claro, uma subsidiária da mexicana América Móvil, não respondeu a pedidos de comentários.
A aprovação da venda da Oi Móvel pela Anatel ocorreu em janeiro e por unanimidade. No Cade, o julgamento foi tenso, com ameaças de medidas disciplinares entre conselheiros, mas o aval ao negócio foi mantido em março.