As ações do Magazine Luiza [MGLU3] chegaram a subir mais de 7% e ocuparam o primeiro lugar do pregão em diversos momentos desta segunda-feira (29), após a companhia anunciar aumento de capital privado de R$ 1,25 bilhão, garantido pelos acionistas controladores e pelo BTG Pactual e suas afiliadas, de acordo com fato relevante.
Depois da Casas Bahia [BHIA3] e Pão de Açúcar [PCAR3], Magazine Luiza é o terceiro gigante do varejo a fazer a movimentação em poucos meses, após as três companhias estarem presentes em diversas polêmicas durante 2023.
Para o analista da Eleven Niels Tahara, os pedidos de aumento de capital reforçam um ambiente adverso para as companhias, dado a alta taxa de juros, além de um excesso de endividamento ocasionado após o boom do e-commerce durante e após a pandemia.
Ainda assim, a expectativa para o aumento de capital é positiva, de acordo com o analista da Quantzed Leonardo Piovesan.
Piovesan explica que os controladores se comprometerem a subscrever quase que integralmente o aumento de capital mostra que veem oportunidade de valorização pela frente, com as ações “gerando frutos” para esse ano ou talvez mais até para 2025, além de reduzir a dívida que hoje é “um grande risco” para o papel, dado que a alavancagem é alta.
“Entretanto, há risco das ações continuarem caindo, pois a economia pode seguir fraca, o varejo continuar difícil e a Selic terminal não chegar abaixo de dois dígitos, o que dificultaria para a companhia”, disse.
Por outro lado, o analista ressaltou que caso 2024 seja positivo e o setor consiga retomar altas depois de dois anos “difíceis”, alinhado com a queda de juros, MGLU3 provavelmente será uma das ações mais beneficiadas da Bolsa.
“É uma empresa que, apesar de estar passando por dificuldades, têm mostrado resultados um tanto resilientes para o cenário atual, bem diferente de Casas Bahia, que está com a corda no pescoço na questão de alavancagem financeira e um operacional indo bem pior que Magalu”, pontuou.
Apesar de ver o aumento de capital como positivo, Niels Tahara afirmou seguir cauteloso com a companhia e o setor, pois, apesar das perspectivas de melhora, a recuperação será gradual.
“Por isso, temos preferência por empresas mais expostas ao segmento de alta renda, como Arezzo [ARZZ3] e Vivara [VIVA3], ou que possuam solidez financeira e operacional, como é o caso de Grupo Mateus [GMAT3] e Vulcabras [VULC3]”, sugeriu.
No mesmo tom, o Banco Safra manteve recomendação neutra para MGLU3, pois “o aumento de capital é positivo, mas não é o suficiente”. O banco destacou ainda que gostaria de ver melhor desempenho em termos de margens operacionais para ser mais otimista com o nome.
“Mesmo assumindo aumento de capital, acreditamos que a estrutura financeira atual da empresa não é compatível com suas margens operacionais, por isso a visão cautelosa”, concluíram.
Assim como o Safra, os grandes players JP Morgan e Goldman Sachs se mantêm neutros em relação ao Magazine Luiza. Por outro lado, Morgan Stanley e Citi discordam, recomendando underweight e compra, respectivamente.
Análise Técnica
No curto prazo, a notícia fez o gráfico diário de MGLU3 abrir com um forte gap de alta, chegando a bater quase 10%, e vem recuando ao longo do dia, segundo o analista técnico Filipe Borges. Além disso, ele diz que a ação não mostra nenhuma reversão, dependência e nem fluxo para tal.
O analista enxerga o ativo consolidado, ou seja, sem tendência desde novembro do ano passado, travado em R$ 1,90 e a região entre R$ 2,30 e R$ 2,55, que Borges vê como resistência principal do ativo.
“Não há nenhuma movimentação que me chame atenção para compras ou vendas nesse papel” frisou.
Ele reforçou ainda que a perda de R$ 1,88, com o aumento de volume, indica novas quedas em R$ 1,30.
Ademais, Borges sugeriu que o fechamento acima de R$ 2,40, e posteriormente acima de R$ 2,55, abre espaço de oportunidade de compra até o teste na LTB – linha de tendência de baixa – semanal, com alvo em R$ 3,30.