Baixa, média ou alta renda: entenda os segmentos da construção civil

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O setor de construção vem sendo destaque na Bolsa de Valores neste ano, contribuindo para os resultados surpreendentes do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro nos dois primeiros trimestres. Além disso, o IMOB – índice acionário de referência do setor imobiliário – subiu mais de 30% em 2023.

Oportunidade de investimento? Analistas podem responder. A primeira questão para o investidor é conhecer as peculiaridades das empresas listadas. No caso das de construção, é basilar conhecer a diferença entre os subsetores do setor: baixa, média e alta renda.

A distinção principal entre os grupos se encontra no público-alvo e, bom, em seu nome: construtoras de baixa renda, como a MRV [MRVE3], destinam seu produto final para a população homônima, assim como as de média e alta renda, como Cyrela [CYRE3] e EzTec [EZTC3].

Mas é média ou alta renda?

Quando se fala sobre construção civil na bolsa, não é estranho encontrar textos e análises que coloquem as empresas de média e alta renda juntas. Segundo o head de equities da Eleven Financial, Carlos Daltozo, em muitos casos os drivers – isto é, tudo o que é fundamental para a manutenção dos negócios de uma firma – destas companhias são semelhantes.

Além disso, o analista de real state da Levante, Gabriel Gaspar, explica que as construtoras de média e alta renda são afetadas por taxas de juros maiores vindas de financiamentos privados. 

“Enquanto que os segmentos de baixa renda têm taxas atreladas ao Minha Casa Minha Vida.”

Entretanto, Carlos sinaliza que, geralmente, empresas do subsetor de alta renda utilizam a compra de imóveis significativamente como forma de investimento, algo não tão observado nas de média renda.

Ez Towers, projeto da EzTec de edifícios comerciais. [Foto: EzTec/Divulgação]
Tanto Carlos quanto Gabriel enxergam um momento melhor para as empresas de média e alta renda, diante do início do ciclo de cortes nos juros pelo Banco Central.

“O ciclo de corte de juros melhora o nível de juros dos empréstimos, do crédito imobiliário e isso traz um incentivo para aquisição de imóveis”, destacou Carlos.

Por outro lado, o próprio analista explica que o atual nível de endividamento das famílias acaba freando o interesse para aquisição de imóveis no curto prazo.

Minha Casa, Minha Vida

Carlos frisa que a influência do programa governamental no segmento de baixa renda é “total”. O especialista ressalta que o susbetor foca bastante nas três faixas propostas pelo Minha Casa, Minha Vida para a habitação.

As três faixas de renda para famílias de moradia urbana. [Fonte: Caixa Econômica Federal].
De acordo com ele, é na Faixa 1 em que as empresas encontram mais subsídios, mas também mais inadimplência. 

“As construtoras, principalmente as listadas [na Bolsa de Valores], estão cada vez mais focando na Faixa 2 e 3”, pontuou.

Gabriel ressaltou também que as companhias do segmento de baixa renda têm suas taxas de juros atreladas ao programa, fazendo com que a Selic não tenha necessariamente um impacto sobre elas.

As três faixas de renda para famílias de moradia rural. [Fonte: Caixa Econômica Federal].
O analista da Levante ponderou que, apesar do impacto da alta dos juros não ser tão direto nas empresas de baixa renda quanto nas de média/alta renda, a redução do poder de compra da população acaba desestimulando a economia, o que, por fim, afeta essas companhias.

O setor de construção civil também está altamente relacionado com o andamento da economia e, por isso, indicadores como o PIB e suas projeções têm bastante influência sobre ele, assim como a taxa de juros, disse Gabriel.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participa de cerimônia de assinatura do projeto de lei que cria o novo programa Minha Casa, Minha Vida. [Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil]

Onde devo construir meus investimentos?

Para Gabriel, é preciso entender seu perfil como investidor antes de escolher um segmento de construção para investir.

“Isso varia muito em relação ao risco que o investidor quer tomar”, afirmou.

Quem deseja apostar em baixa renda, deve saber que terá uma exposição maior a programas de habitação, enquanto em média/alta renda seus riscos estarão atrelados aos juros e o aquecimento da economia.

Apesar dessas ressalvas, tanto Gabriel quanto Carlos enxergam Cyrela como um bom investimento atualmente. Em baixa renda, o analista da Eleven vê a Direcional [DIRR3] como melhor opção no momento.

“Estas empresas estão bem posicionadas; mesmo durante os últimos anos de Selic em um patamar elevado as duas companhias mantiveram o nível de lançamentos saudável, com velocidade de vendas”, explicou.

Imagem de empreendimento da Cyrela no Rio de Janeiro. [Fonte: Cyrela/Divulgação].

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