Balanço de VALE3 prenuncia aumento no preço da commodity, mas especialistas apontam potencial de valorização das ações

O balanço financeiro da Vale referente ao primeiro trimestre de 2023 veio abaixo das expectativas do mercado, o que gerou preocupações em relação ao setor de mineração como um todo.

De acordo com o relatório, divulgado pela empresa na última quarta-feira (26), a mineradora lucrou US$ 1,83 bilhão de forma líquida no primeiro trimestre de 2023 (1T23), queda de 58,8% na base de comparação com o mesmo período no ano anterior. O consenso Refinitiv projetava um lucro de US$ 2,4 bilhões.

O estrategista de ações da Nomos Investimentos, Max Bohm, explicou que as margens do mercado de mineração têm ficado cada vez mais baixas nos últimos tempos. Isso se deve a um momento de oferta restrita, o que acaba por refletir diretamente no preço do minério de ferro. E reiterou que, devido à menor oferta, a tendência é que o preço da commodity permaneça em patamares elevados.

Mineração e siderurgia: o cenário se repete?

Em entrevista cedida ao TradeNews o analista da Levante João Abdouni declarou que cerca de 54% das operações siderúrgicas estão localizadas na China. Entretanto, o governo do gigante asiático tem imposto restrições de produção, impedindo que as empresas produzam o mesmo volume que em 2022.  

Dessa forma, a situação das siderúrgicas chinesas têm gerado preocupação entre os investidores e especialistas do mercado, que temem uma possível redução na produção e,  consequentemente, uma diminuição na oferta de minério de ferro.

Esse cenário pode acabar impactando ainda mais os preços da commodity no mercado global.

Mesmo com a commodity seguindo em um patamar elevado, para a administração da Vale, é improvável que o preço do minério fique abaixo de US$ 80 a tonelada, em razão da inflação nos custos dos últimos anos.

Ainda vale investir em VALE3?

As perspectivas para o restante do ano empolgam e os especialistas consultados demonstram visão otimista.

O estrategista da Nomos continua recomendando a compra de ações da Vale. “Mesmo que os resultados recentes não tenham sido bem recebidos pelo mercado, a tendência é de melhoria nos próximos trimestres”, afirmou Max.

Além disso, para ele há pontos positivos de curto prazo, como a possibilidade de aceleração da recompra de ações, pagamento de dividendos extraordinários e a monetização dos ativos de transição energética, como o braço de níquel e cobre. A empresa vem estruturando esse negócio e planeja vender parte dele para agregar valor à empresa.

Segundo João Abdouni, a mineradora é uma empresa com baixa alavancagem, alta rentabilidade e custo de produção competitivo. Além disso, possui um minério de ferro de alta pureza.

“Esses fatores combinados fazem com que a Vale seja uma das maiores pagadoras de dividendos e ofereça exposição à reabertura da China, que continua sendo o país com maior potencial de crescimento econômico neste ano. Portanto, continuo recomendando a compra das ações VALE3”.

Vale e seus pares internacionais

As fortes chuvas na região Norte do Brasil afetaram as operações da empresa, especialmente no Porto da Madeira, impedindo a venda de toda a produção durante um período. No entanto, a expectativa é que essa perda seja compensada nos próximos trimestres de 2023.

Max Bohm afirmou que, ao examinar o valuation das empresas do setor, é possível notar que a Vale está muito mais descontada que seus pares internacionais, o que gera preocupação no mercado em geral.

Entretanto, prossegue o especialista da Nomos, a restrição de oferta e menor capacidade produtiva afetam também as estrangeiras BHP Billiton e Rio Tinto. 

Já para o especialista da Levante, o quadro situacional da mineradora é favorável, devido a um alto volume de estoques com maior pureza, prontos para serem colocados no mercado.

João Abdouni destaca ainda que a produção da empresa está acima da média, mas não pode ser escoada devido às chuvas intensas. E que, apesar disso, a Vale continua bem posicionada no cenário global.



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