As ações do Banco do Brasil [BBAS3], desde a divulgação dos resultados do 1T25, já acumulam 26% de baixa. Esse movimento abre espaço para a famosa indagação, já registrada no imaginário brasileiro: é o momento de “comprar na baixa”?. Especialistas recomendam cautela ao analisar o papel.
Em relatório intitulado “Muito Cedo para Entrar” (tradução livre do inglês “Too Soon to Jump in”) , os analistas do banco americano JP Morgan, comunicaram estarem receosos sobre a possibilidade de entrada em BBAS3, à medida que aguardam por melhor visibilidade após o segundo trimestre de 2025.
“Ainda estamos incertos, pois os problemas de qualidade de ativos dos bancos geralmente levam tempo para serem digeridos. Embora concordemos que a volatilidade em torno das eleições presidenciais de 2026 pode ser um catalisador e o “short interest” (apostas na queda) já é alto, preferimos ficar de lado e aguardar mais visibilidade após o 2T25 (o que pode definir o tom da recuperação)“, informaram os analistas.
Além disso, o JP afirma que ainda não há clareza suficiente sobre a real extensão dos riscos na carteira de empréstimos do agronegócio, que já soma R$ 51 bilhões em operações prorrogadas,14% da carteira do setor. O banco também aponta que o custo de risco na área atingiu 6%, o maior nível histórico.
Mesmo com a baixa recente, o banco americano cortou o preço-alvo de BBAS3 de R$ 31,00 para R$ 28,00, projetando lucros ajustados de R$ 27,5 bilhões em 2025 e dividendos mais conservadores, com payout em torno de 30%. O objetivo é preservar capital em meio ao ambiente mais desafiador.
Banco do Brasil x Bradesco
Max Bohm, especialista em ações da Nomos, destaca a divergência de desempenho entre os papéis de Bradesco [BBDC4] e Banco do Brasil [BBAS3] neste ano. Segundo ele, enquanto as ações do Bradesco acumulam alta superior a 50% em 2025, os papéis do Banco do Brasil registram queda de cerca de 5%. “A diferença de performance deve continuar se ampliando”, afirma.

De acordo com Bohm, há uma expectativa de melhora na rentabilidade do Bradesco, com o ROE (retorno sobre o patrimônio) passando de 12% neste ano para 15% em 2025. Já o Banco do Brasil pode enfrentar um movimento oposto, com o ROE caindo de 21% para 16% no mesmo período. “Se esse cenário se confirmar, o Bradesco tende a manter uma performance superior à do BBAS3. Por isso, sigo com o call de troca entre os papéis até o fim do ano”, explica.
O analista faz um alerta: este ainda não é o momento ideal para entrar nas ações do Banco do Brasil. “Os próximos resultados devem continuar fracos e acredito que o papel permanecerá pressionado no curto prazo”, conclui.
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Gráfico diário segue com tendência de baixa
Segundo Filipe Borges, analista técnico da NMS Research, o Banco do Brasil segue em tendência de baixa no gráfico diário. Houve uma tentativa de reversão no gráfico de 60 minutos, mas, de acordo com ele, nem as médias móveis utilizadas indicaram mudança de direção até o momento. Para quem entrou em posição de compra no curto prazo, Borges recomenda um stop abaixo dos R$ 21,65 como medida de proteção. Ele alerta que, caso o papel perca o suporte na região dos R$ 21,00, pode haver espaço para quedas mais acentuadas, com possíveis correções entre R$ 19,00 e R$ 17,50, faixa que, segundo o analista, pode representar uma boa oportunidade de entrada para o longo prazo.
