Por Benndorf Research
O IPCA de setembro foi de 0,44%, reacelerando em comparação com a deflação de 0,02% registrada em agosto. No ano, o IPCA acumula alta de 3,31% e, nos últimos 12 meses, de 4,42%, acima dos 4,24% observados nos 12 meses imediatamente anteriores e se situando agora no limite do intervalo da meta.
Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, dois tiveram maior influência nos resultados de setembro: Habitação (1,80%) e Alimentação e bebidas (0,50%), que contribuíram com 0,27 pontos percentuais (p.p.) e 0,11 p.p, respectivamente. A Comunicação (-0,05%), Artigos de residência (-0,19%) e Despesas pessoais (-0,31%) ficaram com as taxas negativas.
No grupo Habitação, o resultado foi influenciado principalmente pela energia elétrica residencial (5,36%) em função da vigência da bandeira vermelha 1. Além disso, houveram reajustes tarifários em algumas capitais, como Porto Alegre, Vitória, São Luís e Belém. O preço do gás de botijão (2,4%) também foi um dos destaques do grupo.
Já em Alimentação e bebidas, a alimentação no domicílio (0,56%) teve alta após dois meses consecutivos de queda. Os alimentos que mais impactaram o subíndice foram o mamão (10,34%), a laranja-pera (10,02%), o café moído (4,02%) e o contrafilé (3,79%). Do lado das quedas destacam-se a cebola (-16,95%), o tomate (-6,58%) e a batata-inglesa (-6,56%). A alimentação fora do domíclio (0,34%) teve variação próxima à do mês anterior (0,33%).
No grupo Transportes (0,14%), novamente o grupo foi influenciado pela alta das passagens aéreas (4,64%). Os combustíveis (-0,02%) ficaram estáveis, resultado das variações mistas dos componentes do grupo: gasolina (-0,12%), óleo diesel (-0,11%), etanol (0,75%) e gás veicular (0,03%).
Como já era esperado, o resultado de setembro foi muito impactado pela bandeira vermelha 1 e como houve acionamento da bandeira vermelha 2 em outubro já podemos esperar impactos semelhantes no índice desse mês. Além disso, continuamos observando um crescimento mais robusto do que o esperado da economia e temos a chegada da La Niña, ambos fatores que irão colocar mais pressão na inflação, levando o Copom a manter a postura hawkish por mais tempo. Nesse sentido, projetamos que as curvas de juros futuros continuem precificando as pressões mais altas em meio ao cenário fiscal ainda bastante incerto e devemos ter impacto no Ibovespa, especialmente em setores cíclicos.