Fundamentos sólidos, retorno sobre patrimônio acima de 20% e resultados superiores aos dos pares privados. Apesar dos temores do mercado quanto ao novo governo, que já derrubam a ação há quatro meses consecutivos, os papéis do Banco do Brasil [BBAS3] são uma boa opção de investimento, de acordo com a Benndorf Research.
Uma das vantagens do banco, segundo Niels Tahara, head de análise fundamentalista da Benndorf, é o mix da carteira de crédito, devido à grande exposição ao crédito para o agronegócio, beneficiando a instituição financeira devido à baixa inadimplência, o bom momento do setor e o maior Plano Safra da história.
“Além disso, dada a baixa inadimplência, a companhia vem aumentando sua exposição a créditos mais arriscados, que possuem melhores margens, o que é sustentado por um índice de cobertura que é o maior entre os grandes bancos”, afirma Niels.
O principal ponto de atenção do mercado neste momento se dá pela incerteza na gestão do banco para os próximos anos, em função da mudança de gerência política com a entrada do Governo Lula em 2023.
Após saltar 18% em agosto, BBAS3 recuou 6,98% em setembro e tem caído desde então. O motivo da queda é a possibilidade de interferência do novo governo, que poderia retrair os resultados dos bancos e o excelente desempenho operacional. Mas, segundo Niels, “o risco de interferência é bem mais difícil de se concretizar quando comparamos com o passado”, devido à Lei das Estatais.
A Lei 13303, que passou a ser chamada de Lei das Estatais, foi sancionada em 2016, com a finalidade de definir regras mais claras e rígidas no que diz respeito a compras, licitações e nomeação de diretores, presidentes e membros do conselho de administração de empresas públicas, sociedades de economia mista ou subsidiárias que explorem atividade econômica de produção ou comercialização de bens e prestação de serviços.
O principal objetivo é evitar episódios de corrupção e qualquer tipo de interferência política nas instituições, garantindo relações mais transparentes entre elas e seus fornecedores.
Além de pouca possibilidade de intervenção, a Benndorf acredita que, mesmo que ela aconteça, os resultados devem levar mais tempo para se deteriorarem, dado o balanço robusto do Banco do Brasil.
“A mudança [de presidente] deve ter impacto caso o governo decida utilizar o banco de forma mais acentuada para executar políticas públicas. Ainda assim, temos boas perspectivas para os resultados, com expectativa de que o lucro se mantenha, em 2023, em torno de R$ 30 bilhões, o que deixa implícito um múltiplo de P/L em torno de 3,3x”, afirma o analista.
Recomendações
O Banco do Brasil negocia próximo das mínimas históricas em termos de P/VP (preço por ação/valor patrimonial), mesmo entregando resultados muito positivos. “Enquanto entendemos o grande risco de governança corporativa, vemos este como menor quando comparado aos anos de 2014/2015.” A recomendação da Benndorf é de compra, com preço-alvo de R$ 59.
Goldman Sachs, Citi, BTG Pactual, HSBC, Banco Inter e XP também recomendam compra. Grupo Santander, Bradesco BBI, Itaú BBA, Credit Suisse e Banco Safra avaliam a ação como outperform.
Para os day traders, no entanto, a recomendação da Benndorf é outra. “BBAS3 segue com viés um pouco mais vendedor, graficamente com uma estrutura chamada de bandeira de baixa ou pivot de baixa”, afirma Filipe Borges, analista técnico da casa.
Segundo ele, o gráfico aponta maior probabilidade de o ativo testar o fundo novamente em R$ 33,50, que, se perdido, deixa o alvo em cerca de R$ 31.
“Para compras, ainda não vejo grandes oportunidades. O volume na alta dos últimos dias foi um volume muito fraco, o que não gera tanta possibilidade e probabilidade de alta de movimentos.”