O Nubank (NUBR33) decidiu dar início ao processo de descontinuidade de seu Programa de BDRs Nível III na última quinta-feira (15). A saída da plataforma do Brasil gerou diversos debates e discussões sobre as motivações do banco e o que isso significa para a empresa.
O objetivo do processo, segundo o Nubank, é maximizar a eficiência e minimizar redundâncias consequentes de uma companhia aberta em mais de uma jurisdição. O banco ainda acrescentou que a decisão não afeta o compromisso de longo prazo do grupo com o Brasil, tampouco com o mercado de capitais do país.
Carlos Daltozo, head de research da Eleven Financial, reconhece a decisão como negativa. Entre os motivos citados, ele menciona o discurso sobre a motivação da saída, que, segundo ele, vai contra o posicionamento do banco na época do IPO.
“Vai um pouco contra [esse discurso] de ser o banco digital dos brasileiros, por isso exatamente foi feita a dupla listagem lá atrás”, afirma Daltozo. Ele ainda acrescenta que acredita ser um passo atrás, apesar de “totalmente compreensível, visto que outras empresas no mundo também seguiram esse caminho”.
A petrolífera BHP e a Unilever também tinham dupla listagem e encerraram o programa recentemente.
Além disso, Daltozo alerta que a mudança de nível também é prejudicial para os investidores por conta das informações disponíveis. “Eles [do Nubank] param, por exemplo, de ter obrigação de divulgar os dados trimestrais em português”, acrescenta.
Mas, em meio a esse processo, como ficam os acionistas?
Os donos de BDRs do Nubank possuem três opções: converter seus BDRs em ações listadas nos Estados Unidos, trocar seus BDRs de Nível III por BDRs de Nível I ou vendê-los, opção que estava indisponível anteriormente devido ao lock-up de um ano após o IPO.
O momento não é oportuno para a compra das ações do Nubank, de acordo com Júlio Borba, analista da Benndorf Research. A casa de análises acredita que os pares da empresa estejam mais descontados.
“Para quem já possui as ações, recomendamos reduzir a posição e alocar de maneira diversificada em bancos que devem trazer maiores retornos nos próximos 12 meses, como Banco Inter (INBR31), BTG Pactual (BPAC11) e Banco do Brasil (BBAS3; BBAS4)”, recomendou o analista.
Carlos Macedo, analista do setor financeiro da Levante e contribuidor da OHM Research, complementa que a descontinuidade dos BDRs não deve ser usada como critério único para decidir comprar ou não os papéis.
Quanto à possibilidade de trocar os níveis do BDRs, Macedo alerta para a mudança de liquidez do ativo, que passará a ser menor no Nível I. Já para os que optarem pela conversão em ações, o analista lembra que é essencial entender seu perfil de investidor.
É preciso saber “se ele [o investidor] tem capacidade de ter uma ação nos Estados Unidos e tudo mais”, disse. Os acionistas que escolherem as ações Nubank devem deter quantidades de BDRs Nível III suficientes para perfazer ações ordinárias classe A, ou seja, igual ou acima de 6 BDRs Nível III, além de possuírem uma conta ativa em uma corretora nos EUA.