As ações da Boa Vista [BOAS3] subiram 48,23%, a R$ 7,10, nesta segunda-feira (19), com volume de negociações de R$ 23,8 milhões, superando em quase quatro vezes o registrado na sessão anterior. A movimentação deve-se à proposta de combinação de negócios enviada pela Equifax [E1FX34] à companhia na noite de domingo (18).
As alternativas aos acionistas nos termos da operação incluem o recebimento de R$ 8 por ação da Boa Vista, uma combinação entre dinheiro e BDRs da Equifax, ou uma combinação de ações ordinárias da Equifax Brasil e dinheiro ou BDRs da Equifax. A Eleven Financial vê com bons olhos a primeira opção.
“Apesar de o preço sugerido ali, de R$ 8 por ação, ser abaixo do preço do IPO da companhia alguns anos atrás, ele embute um prêmio de quase 70% ao preço de fechamento de sexta-feira” (16), comenta Carlos Daltozo, head de equities da casa.
Constituída em 2010, por meio de um spin-off da área de análise de crédito da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a Boa Vista estreou na B3 em setembro de 2020, com ações cotadas a R$ 7,10.
A Equifax, por sua vez, é uma provedora de crédito dos EUA, com sede em Atlanta e presente em 24 países. “Uma empresa global que vem apresentando um bom crescimento, acima de dois dígitos”, sintetizou Daltozo. Com faturamento de US$ 5,1 bilhões nos últimos doze meses, a empresa já tem 10% de participação em BOAS3.
A combinação de negócios teria um desfecho positivo para os acionistas na visão da Eleven. Entretanto, Carlos Daltozo ressalta que a transação ainda é uma possibilidade. O conselho de administração da Boa Vista autorizou a contração de assessores para auxiliar na análise do processo.
Das três opções de bonificação oferecidas aos acionistas, a sugestão da Eleven é “aceitar essa proposta de R$ 8 em cash e buscar outros ativos que tenham um potencial crescimento na bolsa brasileira, dado o cenário também difícil”. Para quem não tinha BOAS3 em carteira, mas deseja participar da operação, “existe um upside de mais ou menos 12%, sendo o risco a operação da Equifax não acontecer”.
A Associação Comercial de São Paulo deve se comprometer a não competir com o negócio da Boa Vista durante quinze anos caso a fusão com a Equifax se concretize, além de fornecer acesso exclusivo a dados e serviços de consultoria e suporte regulatório.
Carlos Daltozo, entretanto, comenta que o melhor cenário seria se houvesse justamente algum tipo de competição no segmento de crédito, principalmente com a Serasa Experian.