Bonds: “principal ativo de qualquer portfólio”, diz especialista

Remunerações mais altas, acesso a novos mercados e diversificação. Essas são algumas das vantagens dos bonds, “o principal ativo de qualquer portfólio”, de acordo com Rodrigo Correa, estrategista de investimentos da BRA BS/.

Os bonds são “o equivalente americano das nossas debêntures brasileiras”, explica Beto Saadia, planejador financeiro e especialista em alocação e fundos de investimentos da BRA BS/. Isto é, são títulos de renda fixa emitidos por empresas privadas estrangeiras. 

Vantagens

Sendo os bonds um investimento em renda fixa no exterior, isto é, um “empréstimo” para alguém que negocia em outra moeda, geralmente o dólar, no geral,a remuneração sobre esse “empréstimo” também será em dólar, “o que pode ser um ponto positivo adicional para os seus rendimentos, já que a tendência do dólar no longo prazo contra a moeda de países emergentes, como o nosso, é de valorização”, afirma Marcus Vinicius Leoncio, assessor da Mesa Private da BRA BS/.

Logo, os rendimentos dos títulos serão atrelados à taxa, geralmente prefixada no mercado americano, mais a variação do dólar. Outra vantagem interessante dos bonds é que os juros, geralmente, são pagos semestralmente, também em dólar, diz Marcus.

“A gente está falando de poder acessar novos mercados, novas geografias e novas empresas que não teríamos aqui no Brasil”, diz Rodrigo. Além disso, até empresas brasileiras muito grandes, como por exemplo a Vale [VALE3], não possuem emissão local, mas sim no mercado global, complementa ele. 

Banco do Brasil [BBAS3], Americanas [AMER3], Gerdau [GGBR4], Petrobras [PETR3; PETR4] e BRF [BRFS3] são algumas empresas que também possuem bonds. 

Beto ainda menciona outra vantagem. Segundo ele, geralmente, as remunerações desses títulos são mais altas que dos títulos bancários ou títulos do tesouro direto. 

Riscos

Já os riscos são os mesmos para renda fixa em qualquer lugar do mundo: risco de crédito, risco de mercado e risco de liquidez.

Em relação ao risco de crédito, é o conhecido risco de calote, e varia de acordo com a empresa emissora do bond. “Quanto maior o grau de solvência da empresa, menos arriscado é o bond. Se a empresa tem fluxos de caixa previsíveis e faz parte de um setor protegido, o bond será menos arriscado, “ aponta Beto.

“Por outro lado, uma empresa recorrentemente sem lucro, pode ocasionar eventual insolvência no bond e o investidor não receber o recurso de volta.”

Ele ainda alerta que estes títulos estrangeiros, assim como as debêntures, não têm proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC)

Quanto ao risco de mercado, é o risco de oscilação no preço do título como resultado de variações nas condições de mercado, a famosa “marcação a mercado”. 

Lá fora só existe marcação a mercado, não existe marcação na curva, “então o investidor brasileiro em bonds vai ver uma volatilidade até maior do que está acostumado com a renda fixa local”, afirma Rodrigo.

“Por isso precisamos investir apenas em títulos que tenhamos o máximo de certeza que conseguiremos manter até o vencimento, já que, fazendo isso, não temos risco de marcação a mercado”, diz Marcus.

Essas características não significam que é um título com maior ou menor risco que os do Brasil, enfatiza o estrategista de investimentos, “simplesmente é um título que é marcado na curva e tem a volatilidade natural desse tipo de instrumento”.

No caso dos bonds, ainda há o risco cambial, porque a maioria desses instrumentos são cotados em outras moedas, sendo a maioria em dólar. “Pode ser que o ativo continue subindo na curva dele, como esperado, só que, como ele é cotado em dólar, se você tiver uma mudança do câmbio ante o real, [o bond] pode ser [influenciado] tanto para mais quanto para menos”, conclui Rodrigo.

É o momento de comprar bonds? 

Estamos passando por um momento único para os bonds, de acordo com o assessor da BRA BS/, com a taxa de juro americana em um patamar que raramente vemos ao longo da história. “Com o juro mais alto, as taxas de remuneração dos bonds também sobem, já que o investidor sempre vai exigir um retorno maior para investir em empresas ao comparar com os títulos públicos, com risco soberano.”

Fonte: ETF Trends

Tal cenário, faz com que existam oportunidades mais atrativas do que as disponíveis no Brasil em renda fixa, mesmo com a taxa Selic a 13,75%, afirma ele. O momento favorável se dá porque, além da taxa de retorno esperada ao aplicar em bonds, o investidor também se beneficia da alta do dólar “e o mercado sempre espera que a moeda americana valorize contra a moeda de países emergentes, como o Brasil.”

Os títulos de crédito privado em geral, tanto bonds quanto debêntures, têm espaço na carteira de um investidor de perfil moderado, afirma Beto, que acha ideal não ultrapassar 30% da carteira do investidor.”

Há duas formas principais de ter acesso a esse tipo de investimento: comprando diretamente através de uma conta no exterior ou adquirindo fundos brasileiros que investem nesse título.

Beto afirma que prefere o acesso nessa categoria via fundos no Brasil ou ETFs no exterior, já que contam com mais uma vantagem: um gestor qualificado para escolher os títulos.

Rodrigo também acredita que vale a pena investir neste tipo de título, porque “costuma ser o principal ativo de qualquer portfólio, independentemente de onde você esteja considerando alocar”. Ele acrescenta que é sempre bom estar posicionado em, ao menos, o mínimo recomendado, para o investidor ter de patrimônio lá fora, de acordo com o perfil de cada um.

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