Durante a abertura da Global Managers Conference 2025, promovida pela área de gestão de ativos do BTG Pactual, o chairman do banco, André Esteves, afirmou que o Brasil voltou ao radar dos investidores internacionais. Segundo ele, com os ativos locais baratos e um cenário global mais instável, especialmente nos Estados Unidos, o País pode se beneficiar da busca por novas oportunidades, desde que enfrente seus desafios fiscais.
Esteves ressaltou que a economia brasileira tem mostrado resiliência, com expectativa de crescimento entre 2% e 2,5% neste ano, mesmo com juros elevados. Ele avaliou que os investidores sofisticados enxergam potencial nos ativos locais, tanto em renda fixa quanto na Bolsa, onde os múltiplos estão atrativos. No entanto, alertou que o controle dos gastos públicos será crucial para sustentar essa atratividade. “Não é difícil consertar as coisas”, disse ele.
O economista-chefe do BTG, Mansueto Almeida, reforçou a urgência de um ajuste fiscal. Segundo ele, se nada for feito, o Brasil pode encerrar 2026 com um déficit nominal próximo de 8,5% do PIB, o que elevaria a dívida pública de 70% para quase 85% do PIB. Almeida defendeu a desaceleração do crescimento das despesas obrigatórias (como Previdência e programas sociais) e sugeriu rever a política de valorização do salário mínimo como medida inicial. “Ajuste fiscal não é cortar R$ 100 bilhões de uma vez, mas reduzir o ritmo de crescimento das despesas”, afirmou.
Ele também mencionou possibilidades pelo lado da arrecadação, como eliminar regimes tributários ineficientes e limitar deduções com saúde, mas alertou que o problema central está nos gastos excessivos. “O Brasil não tem um problema de arrecadação, tem um problema de gasto público.”
Sobre o cenário externo, Esteves apontou que a condução da política econômica nos Estados Unidos, sob o governo Trump, está criando instabilidade. Para ele, decisões equivocadas na área comercial, críticas a aliados históricos e até ataques à atuação do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, minam a confiança na economia americana. Esse cenário tem enfraquecido o dólar e gerado uma reavaliação por parte dos investidores globais. Apesar disso, as ações americanas seguem valorizadas. “As empresas continuam espetaculares, mas os valuations estão altos”, disse Esteves.
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