O diretor do Banco Central, Diogo Guillen, descartou nesta segunda-feira (11) que os formuladores de política monetária abririam mão das taxas de juros como instrumento de política no futuro, em um momento em que o ciclo agressivo de aperto monetário da Selic se aproxima do fim.
“O Banco Central continua a ter o instrumento (reajuste de taxas). Vamos avaliar no futuro qual é o melhor uso dele”, afirmou Guillen, diretor de política econômica do BC, em evento organizado pelo Credit Suisse.
“Não se trata de abrir mão do uso do instrumento”, acrescentou.
A declaração seguiu uma pergunta sobre como a autoridade monetária navegaria em um cenário incerto, após comunicação oficial de que sua estratégia para combater a inflação de dois dígitos envolve uma taxa de juros terminal mais alta e a manutenção dela nesse nível por mais tempo.
O Banco Central elevou a taxa básica de juros para 13,25% em junho, de uma baixa recorde de 2% em março de 2021, e já marcou outro aumento para agosto.
Sem sinalizar precisamente se este seria o aumento final, os formuladores de política monetária também enfatizaram a necessidade adicional de manter as taxas “em território significativamente contracionista” por um período mais longo para trazer a inflação de 2023 em torno da meta oficial.
Guillen observou que a estratégia continua a mesma e que o Banco Central disse que vai “perseverar” nessa tarefa até que as expectativas de inflação estejam “ancoradas”.
Enquanto os formuladores de políticas veem a inflação de 2023 em 4%, economistas privados consultados pelo Boletim Focus preveem 5,13%, contra uma meta oficial de 3,25%.
Guillen afirmou que a diferença se deve às premissas do BC para o petróleo, choques em bens industriais e taxa de juros neutra.
Ele também disse que muito do desempenho acima do esperado da economia brasileira decorre de efeitos transitórios associados à normalização pós-pandemia.
(Com Reuters)