A Localiza [RENT3] enfrenta pressão em seus resultados por conta do aumento da depreciação de sua frota. Em relatório recente, o BTG Pactual destacou cinco fatores que ajudam a explicar esse cenário. Segundo o banco, apesar de alguns elementos já mostrarem melhora, o efeito sobre os números da companhia ainda deve continuar no curto prazo.
Condições de compra de veículos
Durante a pandemia, a oferta de carros no Brasil ficou restrita e os preços subiram. Nesse contexto, as montadoras priorizaram os consumidores de varejo, que oferecem margens mais altas, e reduziram os descontos dados às locadoras. Isso afetou a competitividade da Localiza e aumentou a depreciação dos seus veículos.
Nos últimos anos, no entanto, as locadoras voltaram a conseguir melhores condições de compra. Segundo o BTG, a Localiza já obtém descontos próximos ou superiores aos níveis de antes da pandemia. Por isso, esse fator não deve continuar pressionando os resultados da empresa.
Idade média da frota
A frota da Localiza está mais velha. Isso influencia diretamente os preços de revenda dos carros usados, que tendem a cair conforme aumentam a idade e a quilometragem dos veículos.
Para reduzir a idade média da frota, a Localiza precisaria vender cerca de 350 mil carros por ano. Atualmente, a companhia tem conseguido vender entre 320 mil e 330 mil. A diferença torna mais difícil reduzir a depreciação com velocidade.
Canal de venda: varejo x atacado
Historicamente, a Localiza priorizava o varejo para revender seus carros usados, o que ajudava a obter preços melhores. Nos últimos anos, a empresa passou a vender uma fatia maior de veículos no atacado. Isso aconteceu por dois motivos: aumento da idade e quilometragem dos carros e maior participação da divisão de terceirização de frotas (GTF), que gera veículos menos atrativos para o consumidor final.
O BTG avalia que a empresa pode reequilibrar essa estratégia com a abertura de mais lojas e investimentos na preparação dos veículos para venda no varejo.
Desalinhamento entre preços de carros e renda
Os preços médios dos carros no Brasil subiram muito e não acompanharam o crescimento da renda da população. Isso afastou parte dos consumidores e reduziu o mercado comprador, o que impacta os preços de revenda.
Apesar disso, o relatório destaca que a demanda por veículos segue forte. O ano de 2024 foi recorde em vendas de carros — novos e usados — e o ritmo em 2025 está ainda maior. O problema é que os consumidores estão comprando veículos mais baratos e antigos. Para o BTG, um ambiente de preços mais acessíveis no futuro tende a ser positivo para o setor de locação.
Tamanho da Localiza no mercado de seminovos
A empresa se tornou muito relevante no mercado de usados. Antes da pandemia, a Localiza vendia cerca de 150 mil carros por ano. Com a aquisição da Unidas, passou a ter a necessidade de vender entre 300 mil e 350 mil veículos anualmente.
Essa escala torna mais difícil acelerar os volumes de venda, especialmente em um cenário em que os preços estão altos e a renda está apertada. Ainda assim, o BTG acredita que, com uma frota mais nova e preços mais acessíveis no mercado, a companhia poderá retomar uma dinâmica mais favorável no futuro.

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