Cadeia de suprimentos é o principal desafio da Embraer [EMBR3]

A Embraer [EMBR3] anunciou na última quarta-feira (20) que foi a escolhida em disputa de licitação da Áustria para aviões de carga militares. Segundo a ministra da Defesa do país, Klaudia Tanner, o C-390 da empresa brasileira é mais compatível para operar com outras forças armadas europeias, derrotando o Hercules, da americana Lockheed Martin. 

A Áustria projeta encomendar quatro aeronaves de transporte pesado, que custam entre 130 milhões de euros e 150 milhões de euros cada.

Em maio, o presidente da Embraer, Francisco Gomes Neto, afirmou em entrevista ao Valor que a companhia espera alcançar a meta de US$ 5,2 bilhões a US$ 5,7 bilhões de receita líquida em 2023.

Até 2027, o executivo declarou que a empresa deve alcançar US$ 8 bilhões em termos líquidos, impulsionadas pelo crescimento em todas as áreas de negócio e a expansão das vendas do portfólio atual de produtos.

Apesar da recente notícia positiva, o analista da Levante, Chrystian Oliveira, indicou que a vitória pela licitação da Áustria não contribui para a meta de receita da Embraer. Segundo ele, os slots de produção da companhia já estavam preenchidos.

“No entanto, essa conquista é vista de forma positiva, pois fortalece a competitividade do KC-390 e é resultado dos esforços bem-sucedidos da empresa em negócios militares, bem como seus esforços para aumentar a presença do modelo na OTAN, especialmente na Europa”, contrapôs.

Mesmo que a vitória recente não influencie no guidance da Embraer para 2023, há indícios positivos de que a empresa seja capaz de cumprir sua meta de produção de aeronaves – o que, por sua vez, influenciará na projeção para a receita, de acordo com Chrystian.

“A Embraer já faturou US$ 2 bilhões esse ano, ou seja, a companhia já entregou 35% a 38,5% do guidance previsto para o ano”, relatou. Além disso, a empresa já desenvolveu 62 aeronaves em 2023, cerca de 32,5% do ponto médio do guidance, em 185 e 200 aeronaves.

O analista informou também que os dados da companhia estão sujeitos à sazonalidade, com as entregas de aeronaves se concentrando mais no segundo semestre, com exceção de 2020, 2021 e 2022 – anos mais afetados pelas restrições da Covid-19.

A Embraer voltou a decolar?

Em seu resultado do segundo trimestre de 2023, a companhia teve uma margem Ebitda ajustada de 11,5%, um nível de desempenho operacional considerado sólido, relatou Chrystian.

Embora tenha registrado um fluxo de caixa operacional negativo no trimestre passado, o analista sinaliza que as projeções de crescimento nas entregas e no consumo dos estoques para os próximos trimestres trazem uma perspectiva de melhoria na geração de caixa nos próximos meses.

Para 2024, Chrystian informou que as expectativas são de crescimento positivo na carteira de pedidos, o que deve contribuir para manter as margens saudáveis.

Por outro lado, o analista evoca os obstáculos que a empresa vem enfrentando esse ano. 

“O principal desafio para a empresa está relacionado aos problemas na cadeia de suprimentos, que ainda não estão completamente resolvidos”, frisou.

Em contrapartida, a própria Embraer já havia considerado esses empecilhos ao formular sua meta para o ano. 

“[Isso] sugere que a empresa está tomando medidas prudentes para enfrentar a situação atual da cadeia de suprimentos.”

Visão técnica para EMBR3

O ativo está dentro de um triângulo simétrico e com volume mais fraco, explicou Filipe Borges, analista técnico da Benndorf Research.

Todavia, o analista alerta que não entraria nessa operação por não haver aumento de volume significativo, optando por aguardar um rompimento do triângulo para pensar em uma próxima operação.