A alteração da meta para inflação deste ano deve ser grande, afirma Rogério Braga, sócio e gestor de multimercados da Quantitas, se referindo à reunião de junho do Conselho Monetário Nacional. É a partir desta perspectiva que os gestores operam o Galápagos, fundo de juros e inflação da Quantitas.
Segundo Braga, a discussão do governo, apesar de legítima, não foi iniciada em boa hora, pois se deu em um cenário de “inflação desancorada e sem arcabouço fiscal”, gerando “mais ruídos do que benefícios para o processo”.
Na visão do gestor, a taxa Selic deve se manter em 2023 e ser cortada apenas no início de 2024. Porém ele afirma que “esse cenário é bem mais amplo nas magnitudes do que são os cenários de cauda”.
Em outras palavras, ele explica que, em meio aos estímulos do atual governo à demanda junto aos ruídos de comunicação e fiscais, “em algum momento o Banco Central pode se ver forçado a ter que subir juros”.
Braga ainda admite a possibilidade de o próprio mercado colocar o aumento da taxa como prêmio na curva de juros. “É um cenário bastante difícil do ponto de vista da inflação se acontecer isso”, afirma. Contudo, a asset reconhece que a atividade deve desacelerar em 2023, devido aos efeitos defasados da política monetária
Em um cenário mais otimista, caso ocorram, os cortes se darão no segundo semestre. A Quantitas discorda das precificações de corte da Selic na próxima reunião do Copom, ainda em maio deste ano. Por isso, o fundo tem realizado compras na curva de juros na contramão da expectativa de redução da taxa no primeiro semestre.
Além disso, há o início de uma crise de crédito, segundo o gestor, que ainda está para se confirmar. Segundo ele, alguns canais no crédito já dão sinais de que o custo de capital para as empresas está elevado.
“Se o governo, em um cenário mais otimista, colocar um arcabouço fiscal que o mercado entenda como suficiente ou um arcabouço fiscal um pouco mais ‘ok’, o Banco Central vai se sentir muito pressionado a derrubar juros talvez no segundo semestre de 2023”, aponta o sócio da Quantitas.
Por tais motivos, Braga classifica o posicionamento do fundo como “cauteloso” em assumir posições direcionais em juros.