A China encerrou nesta segunda-feira (10) seu terceiro e último dia de exercícios militares ao redor de Taiwan, iniciados no sábado e que elevaram as tensões entre os dois.
As simulações começaram após a presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, retornar de uma reunião em Los Angeles com o presidente da Câmara dos EUA, Kevin McCarthy.
Taiwan respondeu aos treinamentos de Pequim dizendo que “nunca iria relaxar” seus esforços para fortalecer a prontidão de combate e monitoraria de perto as forças de mísseis da China e os movimentos do porta-aviões Shandong.
As Forças Armadas chinesas afirmaram ter “concluído com sucesso” os exercícios e “testado de forma abrangente” as capacidades de múltiplas unidades em condições reais de combate.
Não muito tempo atrás…
As tensões entre o país e a ilha voltaram a crescer recentemente.
Na sexta-feira (07) a China impôs sanções à embaixadora de Taiwan nos Estados Unidos, Hsiao Bi-Khim, impedindo-a de entrar no país, em Hong Kong e em Macau – as duas últimas sendo regiões administrativas especiais da China.
“Uau, a RPC (República Popular da China) acabou de me sancionar novamente, pela segunda vez”, tuitou Hsiao em resposta ao anúncio.
O Ministério das Relações Exteriores da China também anunciou medidas contra o Hudson Institute e a Reagan Library, dos Estados Unidos, bem como seus líderes, alegando que ambas as instituições deram suporte às atividades separatistas da atual presidente taiwanesa Tsai Ing-Wen.
O Ministério das Relações Exteriores de Taiwan respondeu com indignação, afirmando que a China não tinha o direito de se intrometer nas viagens de Tsai ao exterior e que Pequim estava se enganando se achava que as sanções teriam algum impacto.
Vale lembrar no que consiste o embate geopolítico entre os dois: a China considera Taiwan como seu território e não uma região separada. Taiwan, por outro lado, contesta esta reivindicação.
Outro fato relevante a elevar o conflito foi a visita da então presidente da câmara americana, Nancy Pelosi, à ilha, em agosto do ano passado.
Ainda na sexta-feira (07), o ex-presidente de Taiwan, Ma Ying-jeou disse que a ilha terá de escolher entre “paz e guerra” no futuro, após visita histórica à China. Ma é o primeiro ex-presidente de Taiwan a visitar a China após a guerra civil do país em 1949.
“Nossa administração continua levando Taiwan ao perigo. O futuro é uma escolha entre paz e guerra”, disse Ma a repórteres no principal aeroporto de Taiwan após chegar de Xangai ao fim de sua visita de 12 dias à China.
Ma foi presidente de 2008 a 2016 pelo Kuomitang (KMT), partido que atualmente é oposição ao governo de Tsai.
Um vizinho pede paz
O Japão enfatizou hoje a importância da paz no Estreito de Taiwan durante uma reunião de altos funcionários japoneses e chineses, após as simulações realizadas por Pequim.
Tóquio também pediu a Pequim para que cesse suas incursões de navios da guarda costeira em águas japonesas, e expressou profunda preocupação com a atividade militar chinesa próxima do Japão, bem como com a sua colaboração com a Rússia.
“Transmitimos nossas profundas preocupações com a situação nos mares da China Oriental e Meridional e reiteramos a importância de ter paz e estabilidade no Estreito de Taiwan”, disse um comunicado do Ministério das Relações Exteriores japonês.
Em resposta, autoridades chinesas criticaram as recentes “ações negativas” do Japão sobre questões relacionadas aos mares do leste e sul da China, às ilhas Diaoyu (Senkaku) e ao Estreito de Taiwan, de acordo com o Ministério das Relações Exteriores em Pequim.
Na segunda-feira, Pequim solicitou que Tóquio pare com todas as declarações e comportamentos que possam violar a soberania territorial da China, causar prejuízos aos seus interesses e direitos marítimos, e que evite se envolver nos assuntos relacionados a Taiwan, de acordo com o ministério das relações exteriores chinês.
É interessante mencionar que o aspecto histórico da ligação entre China e Japão também pesa na relação dos dois atualmente. Os dois países viveram momentos de tensão, principalmente entre 1894 e 1945, com as constantes invasões japonesas ao território chinês.
O clímax foi a segunda guerra sino-japonesa – de 1937 a 1945 -, a qual é conhecida tanto na China quanto em Taiwan como guerra de resistência contra a agressão japonesa.
(Com Reuters)